segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

NA ROTA DAS FORTUNAS

O Mundo está numa vertiginosa mudança, quanto a mim mais do que seria necessário, todavia uma coisa se mantém praticamente imutável, as grandes fortunas. Se recuarmos no tempo verificamos que as famílias portuguesas como Lima Mayer, José de Melo, Alfredo da Silva, antigos proprietários da CUF, Champalimaud, Espírito Santo etc, continuam a manter a hegemonia do poder económico em Portugal. Quer seja através de casamentos entre estas famílias, quer em sociedades comerciais ou até mesmo acordos, para que nunca percam o controlo financeiro sobre o país, sobre a classe operária  e até mesmo sobre os governos. Já era assim no tempo de Salazar devido à burguesia dominante e agora continuam a usar o seu terrível poder económico para controlar os governos democráticos. Numa carta datada de 1939, Ricardo Espírito Santo escrevia a Salazar “ génio tão admirável o vosso, que consegue, no voo sublime, o milagre de manter o equilíbrio puro de inteligência por tal forma que nos faz compreender, com nunca igual certeza, que Deus fez o homem à sua semelhança. Tirem as vossas conclusões! Já não me restam dúvidas que após o surgimento da Europa dos 6  em 1951 a U.E continuou a crescer (são já 28) porque os grandes grupos financeiros já não cabiam dentro das suas próprias fronteiras  e então criaram uma U.E para que estes possam expandir-se e controlar toda a Europa. Por isso recuso-me a aceitar esta fatalidade das crises cíclicas tal como as pintam porque elas não nascem, são fabricadas e impostas para que os grandes “lobbys” não percam o controlo financeiro afim de manterem refém a classe proletária que quando começa a viver um pouco melhor logo aparecem estas crises. Depois dizem que foi a população que gastou o que não tinha. Pensem um pouco e vejam como nasceu a crise atual. A U.E começa a dar dinheiro a rodos. A título de curiosidade, em 29 de junho 2013 o DN Lisboa noticiava que Portugal recebeu da U.E. 9.000 euros/ dia durante 25 anos. Se as contas não me falham foram 81mil milhões de euros, sem falar no nosso PIB.  Por sua vez os bancos começam a oferecer crédito para a casa, carro, mobília  e ainda ao consumo. Foram os governos a esbanjar as famílias a pensar que já eram ricas porque tinham 2/3 cartões de crédito. Como por magia surge a crise e volta a miséria porque os agiotas exigem agora juros e capital daquilo que emprestaram e que se pensou erradamente que era tudo a fundo perdido. Assim o esquema pré fabricado volta a colocar as famílias poderosas, vulgo grupos económicos, novamente na rota das grandes  fortunas. Isto não acontece só agora, quem consultar a história verá que nos finais do século XIX, Portugal estava nas mãos dos proprietários da terra e dos banqueiros credores da Coroa. As revoluções, tal como a implantação da República em 1910 e a revolução do 25 Abril acontecem quando o povo tende a libertar-se da escravatura económica mas passados poucos anos o capitalismo volta a impor-se e volta a lei do mais forte. Os governos democráticos, uns por incompetência outros por conveniência, esbanjam o dinheiro que supostamente deveria ser aplicado em investimentos com retorno e depois é o Povo a pagar. Eles apenas sabem empurrar os problemas para o Governo anterior como fez recentemente Paulo Portas “o irreversível” que despudoradamente afirmava: “os socialistas são muito bons a gastar o dinheiro dos outros e depois chamam-nos para compor as coisas. Então foram só os socialistas? É com este descaramento que nos vão enrolando! Acaso lembra-se do ruinoso e corrupto negócio dos submarinos? Acaso lembra-se do ano negro de 2002 quando a coligação PSD/CDS esteve no Governo? Lembra-se por acaso que quando José Socrates saiu do Governo tínhamos um défice de 93% e agora com este Governo está em 127%?
O “paulinho das feiras” também não disse é que os governos de direita não têm nem nunca tiveram o mínimo de sensibilidade social têm é uma apetência doentia por números que escravizam a população. Depois vêm os governos de esquerda que tendem a abrir, um pouco, os cordões à bolsa para afrouxar o garrote financeiros mas logo aparecem os P. Portas, os P. Coelhos, os “lobbys” e os corruptos dizendo que a população está a viver acima das posses e começa a cortar em ordenados e reformas e aumentar o custo de vida  para manter a hegemonia das tais famílias. Deixem cair a máscara e digam de uma vez que acham justo  que metade dos pobres do Mundo têm tanto como as 85 pessoas mais ricas, ou seja, a riqueza do Mundo está nas mãos de apenas um 1% da população, isto segundo o relatório da ONG oxform tornado público em janeiro de 2014 e que ainda acrescenta que a fortuna dos mais ricos duplicou em poucos anos de crises. É esta justiça social que governos ditos democráticos defendem? Se passam a vida a fazer leis inúteis para coagir os cidadãos porque não estabelecem regras para uma economia que se quer livre mas regrada e que não escravize as populações?
Publicado nos artigos "Opinião" do Diário Notícias Madeira em 14 Fevereiro 2014
Juvenal Rodrigues

Para quem quiser tirar dúvidas veja o filme da RTP 2 que passou às duas da madrugada.   http://vimeo.com/40658606

OS DESCONTOS PARA A REFORMA

Os governantes já não sabem o que inventam para justificar a sua incompetência. Creio que um dia destes, se não me falha a memória, ouvi o Sr. Ministro Adjunto Poiares Maduro afirmar que os reformados não descontaram o suficiente para auferirem a reforma a que têm direito. Se o senhor Ministro se dignar descer ao Mundo real venha fazer as contas com um simples cidadão que trabalhou uma vida. Pegue na calculadora! Partindo do pressuposto que um cidadão trabalhou 40 anos auferindo um vencimento mensal bruto de 1.000€. Se o Sr. Ministro não entrar pela conversa política que tudo justifica, chega-se a uma simples conclusão: 1.000€ mensais x 14 mensalidades = 14.000€ / ano. Deste valor é descontado para a Seg. Social 34% (24% da entidade patronal + 10% do trabalhador) o que perfaz a quantia de 4.760€/ano. Multiplicando este valor por 40 anos de descontos temos 190.400€ descontados à conta do trabalhador, para a S.Social durante a sua carreira. Agora vejamos. Este trabalhador, tendo em conta o seu ordenado mensal, deve passar a auferir uns 500€/mês quando chegar aos 65 anos, idade da reforma. Admitindo que a esperança de vida actual ronde os 80 anos temos que esse mesmo trabalhador vai receber, grosso modo, durante os seus restantes 15 anos de vida o montante de 105.000€ ( 14 meses x 500€ = 7.000 x 15 anos). Por estas contas simplificadas um trabalhador, durante 40 anos da sua carreira, contribuiu com 190.400€ para a S.S. e mais tarde, durante 15 anos de reforma recebeu, como retorno, apenas 105.000€ verificando-se um remanescente a favor do Estado de 75.400€ que deverá ser aplicado no sistema de saúde. Estas são as contas que um simples cidadão sem (dr) e sem formação em economia faz mas se eu estiver enganado o Sr Ministro deve descer do seu pedestal e explicar, sem aqueles (rodriguinhos) que os políticos arranjam para ter sempre razão, como se fazem as contas de uma carreira contributiva para a S.Social e sistema de saúde. Não vale a pena vir com a (lenga-lenga) que antigamente os ordenados eram mais baixos, etc, etc porque leva desde já com a resposta que antes também a esperança de vida era menor rondando apenas os 60/65 anos. Já agora explique também se os ex e atuais presidentes da República mais os da Ass. Da República assim como outros assalariados da política, descontaram para ter 2 ou mais vencimentos mensais e ainda aqueles senhores deputados que estiveram 12 anos na A da República ou nas A Regionais, e já têm uma reforma por inteiro. Acha que esses (trabalhadores) é que descontaram o suficiente para terem essas reformas principescas? Senhor Ministro Adjunto e outros governantes o Povo português pode não se manifestar muito mas não é assim tão tacanho para acreditar em tudo! 
Publicado nas "cartas do leitor do Diário Notícias Madeira em 10 Fevereiro 2014
Juvenal Rodrigues