segunda-feira, 2 de junho de 2014

O GOVERNO REGIONAL E AS CÂMARAS



                                                                                                                                                                Juvenal Rodrigues


Até aqueles que eram garotos e vira-casacas, na boca do Dr. Jardim, hoje já são boas pessoas!    


Muito se tem falado ultimamente na C. M. Funchal. Também não seria de esperar outra coisa uma vez que o projeto da mudança foi uma brisa fresca que gelou todo o laranjal. As facturas dos “empreiteiros do regime” guardadas à anos nas gavetas foram agora enviadas para serem pagas pelas Câmaras ganhas pela Oposição. Até passaram a cobrar juros de mora, quando até aqui nunca o haviam feito uma vez que é voz corrente que as adjudicações das empreitadas tanto para o G.Regional como para as Câmaras já eram empoladas devido à certeza de que iriam tardar em receber, ou seja, uma espécie de juros de mora facturados antecipadamente.
Reparem que todas as Câmaras que não são “laranja” e estão a braços com dívidas atrasadas contraídas pela governação PSD, são confrontadas com processos em tribunal e penhoradas  receitas (Câmara de Stª Cruz) numa tentativa desesperada do Dr. Jardim e seus amigos do regime  derrubarem estas Câmaras pela via administrativa já que não conseguiram derrota-las nas urnas. Achei imensa graça às suas declarações onde dizia que o PSD-M não irá mexer uma palha para derrubar as Câmaras mas logo a seguir diz em tom de ameaça que a população ira assumir as consequências por ter escolhido mudar. Então e as consequências que estamos a enfrentar pelos 38 anos recheados de vícios e asneiras da sua governação? A última é a do campo de golfe do P.Santo com a relva toda queimada  e sem dinheiro para a sua manutenção. Já agora pronuncie-se também sobre a “pornografia” do seu partido com 5 candidatos à liderança. Sinto que por vezes vivo num manicómio gigante onde os principais protagonistas dizem, pela tarde,  coisas  totalmente opostas ao que se disseram pela manhã. Até aqueles que eram garotos e vira-casacas, na boca do Dr. Jardim, hoje já são boas pessoas! 
Mais um caso flagrante dos abusos nesta região é, entre outros, a Praça da Autonomia. Os terrenos onde hoje funciona a P.Autonomia foram expropriados pela Câmara de Miguel Albuquerque que ficou com o ónus da dívida sendo mais tarde condenada pelo Supremo Tribunal a pagar aos expropriados à volta de 6 milhões de euros mais outros encargos pela renúncia unilateral do contrato de exploração do parque estacionamento ali existente. Tudo isto totaliza à volta de 7 milhões de euros que agora a Câmara de Paulo Cafôfo terá que pagar. Todavia o G. R. apropriou-se indevidamente da P. da Autonomia para levar a cabo as obras em curso mas como tem a mania que tudo o que existe na região é dele, ainda não assumiu os encargos dessa  expropriação como aconteceu em  tantos outros casos. Resumindo, a C.M.F. está a pagar a dívida aos antigos proprietários  pela expropriação mas o G. R tomou conta da Praça e não assume a dívida.
Mas os casos de má governação laranja não se ficam por aqui. Na transata semana o Diário publicava que os gabinetes do Governo receberam verbas indevidas em ajudas de custo. O TdC apurou que os encargos com os gabinetes do executivo totalizaram 2.6 milhões de euros em 2012, assim distribuídos: 7 chefes de gabinete, 13 adjuntos, 17 secretários pessoais, 6 conselheiros técnicos e 15 motoristas (viva o luxo) e ainda gastou mais 403.000 euros em estudos e pareceres.
O Dr. Jardim sentindo que o seu império está a desmoronar-se tenta por todos os meios lavar-lhe a cara com entrevistas e comunicados absurdos onde, para isso até o Jornal dos Blandy já serve. Em vez de se preocupar em conter todos estes gastos desnecessários face a toda a miséria que grassa na região vem, qual donzela ofendida, esclarecer que as despesas de representação estão suportadas pela resolução do  Conselho do Governo datada de 1986. Sr. Presidente desça das nuvens onde sempre tem andado! Os madeirenses não querem saber se gasta dinheiro mal gasto desde 1986 o que eles querem é que não continue a gastar sobretudo quando a região está na miséria que Vª Ex. a deixou com quase 7mil milhões de dívida e com crianças a passar fome.
Se a sua mente distorcida até vê no relatório do TdC coincidências com o “timing” das Eleições Europeias e com a crise da C.M.F procure também saber porque é que o Ministério Público tem o processo de alegada corrupção “Cuba Livre” entre mãos acerca de 3 anos e continua em segredo de justiça.
Se a Madeira chegou a este ponto deve-se exclusivamente à gestão das Câmaras PSD-M e do G.Regional que durante 36 anos (des)governou esta ilha. 
Este senhor depois de tudo o que fez ainda tem o desplante de  dizer que recusa colocar a dívida como prioridade porque as famílias não se alimentam de défices.

Santa demagogia! Então porque está a pagar a dívida quando tem crianças e famílias inteiras a passar fome? Estas declarações, de tão incoerentes, só podem ter origem em distúrbios psicológicos ou pior do que isso ofendem os madeirenses ao tentar  passar-lhes um atestado de burrice. 
Publicado na pag. "opinião" DN Funchal em 22 maio 2014
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Comentários

Este espaço é destinado à construçăo de ideias e à expressăo de opiniăo.
Pretende-se um fórum constructivo e de reflexăo, năo um cenário de ataques aos pensamentos contrários.
Parabéns pelo artigo de opinião... Oxalá mais vozes se façam ouvir! O "regime" ainda não percebeu que o povo que os elege já não vive na ignorância e que estamos cada vez mais atentos ao que se faz aos dinheiros públicos, ou não fossemos nós a pagar os excessos deste "desgoverno"!
EXCELENTE ARTIGO DE OPINIÃO! BEM HAJA A QUEM ESCREVE E DIZ AS VERDADES SEM MEDOS!!

A MUDANÇA






Os escribas do PSD-M, aqueles que foram proibidos 

pelo chefe de escreverem para o Diário, hoje aproveitam as suas 

páginas para fazer campanha própria e campanha contra o projecto 

“mudança que derrotou e mergulhou o PSD-M em profunda crise 

interna ao perder 7 Câmaras na região. Estes senhores, desde 

aqueles que já sabiam, até os que adivinham o futuro, estão a 

contorcer-se para que a Mudança não se entenda para eles 

voltarem a comandar a nossa terra tanto nas Câmaras como no 

Governo. Na sua euforia até se esqueceram que o próprio PSD-M 

está como uma autêntica manta de retalhos com 5 candidatos às 

eleições internas (só Madeira)  todos eles com ideias novas (já com 

mofo) e em profunda divergência com o chefe supremo. Até o U.I.  

com os seus habituais tiques de “importantão” disse que já previa 

que as divergências no seio da “Mudança” iriam acontecer. Eu não 

sou tão importante mas já à muitos anos previ (escrevi) que ele iria 

rebentar com o PSD-M e com a Madeira e isso aconteceu. Senhores 

saudosistas do passado moderem a vossa euforia porque 

divergências em democracia sempre houve e continuará a haver. 

Lembrem-se que a nível nacional já houve várias substituições de 

ministros incluindo o irreversível P.Portas que encostou P. Coelho à parede até que este lhe desse a vice-presidência e no entanto para nosso mal o Governo ainda não caiu, o Dr. Jardim colocou a 

Madeira na bancarrota, destruiu o PSD-M, denegriu a imagem desta ilha, chamou os piores nomes aos madeirenses mas ainda não caiu. 

Aconteça o que acontecer os madeirenses jamais irão permitir que 

esta terra volte ás garras dos PSDs.

A coligação “Mudança” é composta por seis partidos e vereadores 

sem filiação partidária por isso é perfeitamente natural que haja 

divergências já que ali existe liberdade de opinião e a democracia 

funciona coisa que nunca aconteceu com governos PSD-M onde 

não existe diálogo, apenas expulsões e vinganças. Os vereadores da  
“mudança”  

têm muita competência técnica e sensibilidade social embora lhes 

possa faltar a maturidade política das velhas “ratas” do regime mas 

desde que haja honestidade e vontade para trabalhar pela nossa 

cidade e pelos funchalenses a maturidade logo surgirá. Seja como 

for os cidadãos da Madeira já perceberam que nem que fosse para 

acabar com o regime único que existiu até aqui já valeu a pena a mudança.
 
Juvenal Rodrigues  
Pubicado nas "cartas do leitor" do Diário em 14.05.14

COMPLETOU-SE MAIS UM CICLO DE 40 ANOS


Estamos a 4 dias de comemorar os 40 anos de uma data histórica para Portugal e para todos os portugueses que viveram, desde 1933, a ditadura de Salazar, Américo Tomás e Marcelo Caetano.                                                         Juvenal Rodrigues

A canção “e depois do adeus” de P. de Carvalho difundida às 22.55h do dia 24/04/75 dava início à “Revolução dos Cravos” protagonizada  por um grupo de capitães do exercito português apoiados por oficiais milicianos e um punhado de soldados comandados por Salgueiro Maia. Militares que - muitos deles sem saberem- arriscavam a vida, o exílio, a perseguição e consequente prisão pela sinistra PIDE  (Polícia Internacional Defesa do Estado) então chefiada pelo temido Rosa Casaco, para libertar Portugal de 40 anos de opressão e miséria. Foi a MFA (Movimento das Forças Armadas) que depôs o regime ditatorial do Estado Novo mandando Marcelo Caetano e Américo Tomás para o exílio no Brasil, com uma curta estadia na Madeira no dia 26 de abril. Foi essa estadia que deu origem à primeira manifestação dos madeirenses no 1º de maio de 75 em pleno período revolucionário empunhando cartazes com a expressão: “a Madeira não é caixote de lixo.
Próprio de todas as revoluções seguiu-se um período de grande agitação  política que ficaria conhecida por PREC  (Processo Revolucionário em Curso) e terminaria com o 25 de novembro de 1975. Daí o Dr. Jardim, como único importante e contra a própria História  adotar esta data para comemorações na Madeira em detrimento da data do 25 abril. Mas a arrogância e o ego nunca o deixaram  perceber que se não fossem os militares, que ele um dia apelidou de efeminados, a concretizar a revolução dos cravos,  nunca teria sido possível o 25 de Novembro. Foram ainda eles que provaram o seu idealismo e nobreza entregando o poder aos civis. Mal sabiam que muitos desses políticos oportunistas viriam a destruir Portugal.
Na Madeira as eleições autárquicas de 29 setembro 2013 também ficarão na história porque a “Mudança” veio provocar a tão ansiada queda do regime laranja, também ele com 40 anos de poder absoluto, conquistando 7 das mais importantes autarquias, ao PSD-M  o que permitirá  comemorar pela 1ª vez a data histórica da revolução dos cravos, sem medo de perseguições, represálias e vinganças mesquinhas  próprias das ferozes ditaduras. Mudança de mentalidade e métodos que demonstrarão que a Madeira é perfeitamente governável sem a arrogância e prepotência de um U.I. 
Gostaria de estar aqui a escrever que a liberdade é total mas infelizmente ainda não posso. Não posso porque enquanto houver governantes incompetentes como um  Passos o mentiroso, um Portas o irreversível e um  Alberto o vingativo, Portugal não será totalmente livre. Não posso enquanto for preciso fazer milhares de pobres para criar um rico. Não posso enquanto este país tiver 20% de desempregados a mendigar trabalho e pão. Não posso enquanto houver exclusão social a criar famintos a recorrerem diariamente às cantinas sociais para matarem a fome aos filhos. Não posso enquanto os poucos que têm trabalho descontam mais de 50%  do seu salário  para o Governo sustentar os grandes grupos económicos e escravizar os portugueses. Não posso enquanto os reformados são espoliados, para não dizer roubados, nas suas reformas para sustentar oportunistas. Não posso enquanto existir uma vergonhosa corrupção e promiscuidade entre os governantes e o poder económicos. Não posso enquanto não houver justiça neste país.
Governar não é gerir um país em proveito próprio e colocar na Administração centenas de assessores - entenda-se” Jobs for the boys”- só para favorecer os amigos.
Não foi certamente para voltarmos  à miséria de 40 anos atrás que os capitães de Abril fizeram a Revolução dos Cravos ou para que certos políticos enriqueçam de um dia para o outro. Certamente que se o golpe militar fosse hoje a ordem seria para marcharem sobre S.Bento e Palácio de Belém e não sobre a Praça do Carmo.
Será que se completou mais um ciclo?  40 anos de ditadura política. 40 anos para o país voltar à miséria extrema. 40 anos de um regime “laranja” atípico que arruinou a Madeira. Será que Portugal vive ciclos de 40 anos e é necessário nova revolução? Vivemos atualmente num sistema de roubo legal por isso não acreditemos na tão apregoada e “conveniente” austeridade porque ela não passa de um chavão feito à medida dos Governos imperialistas e corruptos servindo às mil maravilhas para manietar o poder democrático e controlar, pelo medo, as populações através do emprego, do ensino, da saúde, da justiça e da precariedade económica quando estas tendem a viver um pouco melhor. Um país não pode viver sem população mas pode muito bem viver sem estes governantes aventureiros que vivem como chefes de “gang”  em bairro de gente pobre.
É urgente e imperativo lembrar ao Governo o estrofe de Zeca Afonso “o Povo é quem mais ordena dentro de ti ó cidade. 
Publicado na pagina de "opinião" do Diário Notícias Funchal em 21 Abril 2014