Carta aberta ao ex-presidente do PS-M
Juvenal Rodrigues
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Caro Victor Freitas, embora tarde, só agora tive oportunidade de te endereçar esta carta. Já nada remedeia porque o desastre eleitoral já aconteceu, servirá apenas para mostrar a minha consternação e dar a conhecer aos militantes do PS-M em particular e, aos madeirenses em geral que nem todos, dentro do partido, estiveram de acordo com a tua estratégia politicamente suicida. Poderás alegar que foste mal aconselhado mas também não quiseste ouvir bons conselhos de alguns notáveis do PS-M e assim não viste o que era evidente para a maioria. Tiveste mais olhos que barriga e assim permitiste que o PSD-M, o partido que levou a Madeira à pobreza e exclusão social, voltasse a ganhar as eleições e ainda por cima com maioria absoluta (Só a CNE conseguiu retira-la durante 2 horas.
Para que não possas acusar-me de aproveitamento político, pós eleições, lembro que, muito antes deste desastre acontecer, na qualidade de membro da Comissão Política Regional do partido, na reunião de 7.11.14 e, mais tarde a 26.01.15, já eu defendi exaustivamente que o PS-M deveria aceitar a proposta de coligação oferecida pelo CDS/PP.
Para não dar azo a más interpretações políticas informo nada ter contra a “Coligação Mudança” mas sim por ter a visão política de perceber que a coligação que funcionou (e bem) para as eleições autárquicas, não seriam exatamente a mesma coisa ao tratar-se de eleições regionais votadas no campo e na cidade.
Mas, porque defendi eu essa coligação com o CDS/PP, nas reuniões atrás citadas, as quais foram votadas com 9 abstenções?
1 - Porque a proposta do líder do CDS/PP me pareceu séria e politicamente aceitável uma vez que proponha que os dois líderes, dos respetivos partidos, abdicassem de encabeçar a lista dessa coligação para dar lugar a uma figura independente tal como aconteceu com Paulo Cafôfo para CMF mas a ambição de chegares a líder do GR não te permitiu fazer uma leitura sensata da situação e compreenderes que tanto a tua imagem política como a do líder do CDS tem sofrido, ao longo dos anos, um desgaste político o qual seria compensado pela tal figura independente.
2 - Porque acreditei (ainda acredito) que o somatório dos votos nessa coligação PS/CDS seriam suficientes para derrotar o PSD-M ou, no mínimo, retirar-lhe uma maioria absoluta.
3 -Porque essa aliança PS/CDS, na pior das hipóteses, evitaria, no futuro, que o CDS se aliasse ao PSD-M para formarem uma coligação idêntica à que vigora na República, caso o PSD-M ganhasse sem a tal maioria absoluta.
Caro Vitctor, demitiste-te, era a única saída digna que te restava já que um líder, em momentos cruciais, tem fazer uma leitura correta da situação política, ou não merece se-lo.
O PS-M tem gente capaz para liderar um projeto ganhador, e libertar esta terra do velho PSD, se apostar nas pessoas certas.
Há cerca de 12 anos que me conheces e sabes que eu sempre recusei aceitar que o PS-M fosse o partido da eterna oposição onde o líder se contentasse com um lugar cativo na ALM, junto com alguns militantes que cativam mais alguns votos, quando acontecem eleições internas no partido. O interesse da Madeira e dos madeirenses têm que estar sempre acima de interesses pessoais ou de grupo e, com este erro, vais permitir mais 4 anos de PSD-M porque não restam dúvidas que pouco vai mudar no panorama político regional. As abelhas continuam a ser as mesmas e agora vão unir-se para ampliarem as colmeias. Aos 50% que não votaram e aos outros 50% resta-nos a esperança que M. Albuquerque não seja um fiel seguidor da prepotência do Dr. Jardim e que não continue com o mesmo défice democrático.
PS. Acho que o fenómeno político na Madeira deveria ser objeto de uma profunda reflexão dos politólogos para percebermos como é que este PSD-M que empenhou a autonomia, usou e abusou da prepotência, da arrogância e do insulto, ganha sempre as eleições e, como é que 50% da população abdica da sua vontade de votar permitindo que a outra metade decida um destino que é de todos, assim como o futuro da região.