quarta-feira, 18 de maio de 2016

DROGA,ARMAS E TERRORISMO, PERIGOSA TRÍEDE

Droga, armas e terrorismo, perigosa tríade

A repressão nada resolveu, serviu apenas para aumentar a população prisional

 
Juvenal Rodrigues, Deputado municipal
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Em 30.09.03 publiquei, neste matutino uma “carta do leitor”, intitulada “Droga esse flagelo” na qual defendia a descriminalização de todas as drogas. Mais tarde16.10.07 voltei a publicar outra intitulada; “droga esse flagelo II” porque achei que uma notícia do DN, sobre o mesmo tema, me dava razão e da qual relembro alguns excertos para melhor assimilação; “Polícia pede droga livre”, “o matutino britânico “The Independent”noticiava na sua primeira página que Richard Brunstrom, um dos principais responsáveis da polícia britânica, chefe das forças de segurança do norte de Gales, defendia que a única forma de vencer a batalha contra o tráfico de estupefacientes era a legalização de todas as drogas. Num documento de 30 páginas enviado ao ministro do Interior do Reino Unido ele afirmava que as políticas sobre drogas, no futuro, devem ser pragmáticas e não moralistas, motivadas pela ética e não pelo dogmatismo…”
Destas minhas “cartas” recebi, alguns comentários, alguns críticos e outros elogiosos como é expectável quando se publica algo controverso.
Hoje, passados 13 anos, mantenho a mesma opinião uma vez que, apesar da proibição, o consumo mantém-se e os malefícios sociais agravaram-se. Os poderosos cartéis da droga a nível mundial como Colúmbia e México já não servem apenas para enriquecer alguns empresários da droga, servem também para financiar guerras, Governos corruptos, terrorismos e a indústria do armamento como é o caso do Paquistão que dizem possuir cerca de 100 ogivas nucleares. Por sua vez a América já anunciou que, nos próximos tempos, prevê gastar 300 mil milhões de dólares no combate ao tráfego de droga e não acredito que tal quantia seja apenas para o tratamento dos toxicodependentes, este dinheiro daria para milhares de hospitais e, salvo o exagero, para tratar todos os dragados do Mundo. Também não acredito que a não liberalização das drogas seja para proteger a saúde dos drogados. Tal ainda não aconteceu por ser um negócio altamente lucrativo e financiador das atividades ilícitas que acima mencionei. Nem as grandes apreensões de estupefacientes têm surtido efeito já que os traficantes compensam-nas com a subida dos preços ao consumidor. Por isso reafirmo que a repressão nada resolveu, serviu apenas para aumentar a população prisional, encarecer o produto e fortalecer este tenebroso negócio que cresceu à escala mundial e já não pode ser avaliado apenas pela saúde do toxicodependente mas sim pela envolvência social, já que se tornou financiador de atos terroristas e de armas de destruição massiva que de um momento para o outro pode ceifar milhões de vidas.
Como este foi um problema do passado, é do presente e certamente será do futuro tomo a liberdade de transcrever mais alguns parágrafos da mencionada “carta do leitor” uma vez que aquilo que escrevi na altura continua, quanto a mim, mais grave do que então.
Entre outros escrevia: ...” Se o preço das drogas leves ou pesadas descesse para o preço de um maço de tabaco ou de uma garrafa de vinho, os jovens não precisariam de roubar em casa e na rua e muitas vezes matar para conseguirem dinheiro para uma grama de estupefacientes a preços astronómicos. Acabaria ainda com a prostituição e degradação juvenil, desespero de pais e mães e acabaria sobretudo com o negócio dos barões da droga que certamente não se sentiriam motivados para encomendar um produto como outro qualquer com pouca margem de lucro e sujeitas ás regras do mercado”. Continuava: “...Um consumidor, enquanto tal, apenas faz mal a si próprio, o pior é quando envolve a sociedade...”
Termino com um desafio aos países da UE : façam um teste, por exemplo por um período de dois anos, descriminalizando todas as drogas e determinem o preço de um maço de tabaco para uma dose e no fim desse período, consoante o resultado, e se ainda houver traficantes, estabeleçam a lei.
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Está na hora de enfrentar o problema a sério e parar de tentar tapar o sol com a peneira. Droga dá dinheiro, tanto que o crime compensa e não vai acabar com as atuais políticas.
Vende-la legalmente implica baixar a margem de lucro do negócio e os traficantes não vão conseguir fazer face a um sistema organizado e regulado de venda com preços controlados.
As decisões éticas e morais que importam tomar, seriam no mínimo dúbias, mas sejamos francos o consumo não iria parar, mesmo com o endurecer das políticas repressivas. Resumindo, é uma medida IMORAL, mas seria LEGAL, mais ou menos como os esquemas de fuga feito nos Offshores...
Por falar nisso, faz alguns anos vi um documentário, em que um dos maiores traficantes europeus, afirmava que 30% dos lucros, servia para pagar aos lobbys políticos que defendiam a manutenção políticas de combate ao narcotráfico.
Já agora e para sermos mesmo práticos, e a prostituição?
Vamos continuar a usar outra peneira para tapar o sol?
Se não fossem utópicos encaravam a prostituição da mesma forma!
É um negócio que serve muitos interesses, ilegais mas também legais pelo que há conspiração tácita para que não se descriminalize a produção e o comércio de droga.