quinta-feira, 7 de julho de 2011

TOMADA DE POSSE DO XIX GOVERNO




O novo Primeiro Ministro, na tomada de posse para o XIX Governo da República, a dado passo, teve uma afirmação que me deixou, no mínimo surpreendido; “Portugal jamais poderá regressar à ilusão de que a dívida em espiral alimenta crescimento. Só agora Sr. 1º ministro? Só agora, depois de tantos anos de esbanjamento por todos os (i) responsáveis políticos e,  do país estar atolado em dívidas, os iluminados cérebros deste país (Madeira incluída) começam a descobrir que com a loucura dos empréstimos desregrados, a altos juros, apenas contribuíram para alimentar os luxos dos abastados agiotas? Qualquer estudante de economia sabe que para investir é preciso um estudo –sério- de mercado, da área geográfica e económica a investir e de um estudo de viabilidade económica que possa gerar retorno do capital investido. Será que foi isso que os políticos fizeram ao longo destes anos? Certamente não foi visto que nos finais da década de 70, após o 25 de Abril, a dívida portuguesa cifrava-se em cerca de 10% e actualmente ronda os cerca de 80%. Até eu, já há muitos anos, venho alertando, nesta mesma página, para o endividamento desregrado, não por ser economista mas porque qualquer “cego”, mais atento, vê o que os políticos, ansiosos pelo voto, não conseguem ver. Eles apenas querem saber se o investimento em cimento, em alcatrão e outras obras, para encher a vista, têm o respectivo retorno em votos. É por isto que será impossível baixar a dívida de Portugal, ou de outro qualquer país, depois da mesma ter atingido tais proporções. Agora os sucessivos governos, desorientados e cheios de dívidas, chutam a bola para a frente mas nunca sabem onde ela irá parar. Por tudo isto atrevo-me a dizer que o Ministério das Finanças deveria ter um estatuto independente, como os tribunais, com pessoas idóneas e com autoridade para recusar todo o endividamento mal aplicado- não me digam que há o Tribunal de Contas porque esse é uma figura meramente decorativa. Vou mais longe; os políticos governantes deveriam ser responsabilizados com o seu património pessoal em casos de investimentos nitidamente ruinosos, para o país, visto estarem a cometer um crime que lesa o Estado e esbanja dinheiro que não é deles. Ironicamente, hoje, vemos altas  figuras  que também já tiveram responsabilidades governativas a dizer que todos têm que ajudar a Grécia porque é o berço da democracia e que, se cair, arrastará a Europa, blá, blá. E como se propõem ajudar a Grécia? Pois, emprestando dinheiro a juros altíssimos que ajudará, sim, a afunda-la ainda mais! Já escrevi e reafirmo; os governos ao aceitarem de ânimo leve uma economia ultra-liberal,  permitindo que um qualquer magnata tenha mais poder económico que o PIB de um pequeno país, perderam por completo as rédeas do próprio Mundo.

Juvenal Rodrigues

Publicado no Diário Noticias, Madeira em 07.07.11

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