Muito se tem escrito sobre os estatísticas do desemprego,
tanto na Madeira como no continente, porém nem o Governo sabe, ao certo, a
verdadeira dimensão deste flagelo. Só podemos afirmar que são mais do que as percentagens
tornadas públicas. O DIÁRIO tornou público que o desemprego atingiu, na
Madeira, 193% em seis anos porém, estes números oficiais não serão, certamente,
reais. Isto porque falta contabilizar os desempregados de longo prazo que,
entretanto, perderam o subsídio de desemprego, os pequenos empresários (a
grande maioria) e ainda os
trabalhadores por conta própria (recibos verdes) que, por absurdo e pelas leis
injustas que temos neste país não são contabilizados como desempregados e
consequentemente não têm direito ao desemprego. Veja-se as assimetrias
incompreensíveis que arrastam, para a lama, seres humanos cujo Governo não lhes
garante emprego, nem subsídio, mas precisam continuar a viver. Com os pequenos
empresários então é uma aberrante injustiça. Enquanto um trabalhador por conta
de outrem (ainda) tem direito a regalias sociais, um pequeno empresário que,
por vezes, emprega um agregado familiar
de três ou quatro pessoas e que desconta duplamente para a segurança social (
24% como entidade patronal e 11% como empregado) mais IRC e IRS, nem sequer tem direito a desemprego se a sua
pequena empresa falir colocando na miséria uma família inteira. A mesma
situação verifica-se com os trabalhadores a recibos verdes, enquanto os
político e amigos são premiados com chorudas e por vezes duplas reformas quando
apenas contribuíram para arruinar o país. Quando aparecerão políticos honestos
que legislem, com justiça, beneficiando aqueles que realmente contribuem para a
riqueza do país e não aqueles que querem apenas viver á custa da política?
Temos um quadro completo de aberrações se juntarmos a tudo isto o facto do
Estado ser devedor e principal causador da insolvência de pequenas empresas
cujo(s) gerente(s) são responsáveis pessoais pelas dívidas ao fisco e à S.
Social. Estes serão “perseguidos” , ferozmente, pela vida fora onde quer que
estejam até pagarem essa dívida. Veja-se a sequência e as consequências; O
Estado deve e não paga mas obriga-os a pagar o IVA dos créditos não recebidos.
Não lhes permite recorrer a linhas de crédito oficiais porque são devedores ao
Estado, que contribuiu para a sua ruína. Não lhes dá subsídio de desemprego
quando estes ainda descontaram mais que os outros. Depois penhora-lhes uma
parte do vencimento mensal, quando, e se, estes conseguirem arranjar emprego.
Quem disse que o Estado é pessoa de bem quando se beneficia a si próprio,
permite que os corruptos fiquem impunes, não castiga ladrões de colarinho
branco e cai com todo o seu peso em cima dos que, simplesmente, querem trabalhar
para viver. Algum político honesto poderá afirmar que um país assim conseguirá
um dia endireitar-se?
Juvenal Rodrigues
Publicado no DN em 28.6.12
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