Sempre acreditei, e disso tenho feito apologia nos meus
escritos, que a Madeira iria um dia mudar o rumo político. Mas que essa mudança
seria tão abrupta não era fácil prever. O homem que com arte ou artimanha
montou uma máquina que julgou indestrutível é o mesmo que por vingança,
ressabiação e falta de cultura democrática está a destrui-la introduzindo, na
sua grande mas frágil engrenagem farpas de malvadez. Do homem que tentou
dominar tudo e todos resta apenas um moribundo político ao qual todos começam a
voltar costas. Não só aqueles que o bajulavam para cair nas suas graças como os
madeirenses em geral que, por se aperceberam tarde do logro em que caíram,
querem agora livrar-se das sua garras, gastas pelo tempo que ele próprio não
soube manusear. Mas porquê a introdução deste preâmbulo? Simplesmente para
chegar ao fenómeno das listas de independentes ou dependentes - mais tarde
veremos- para as eleições autárquicas. Registo com apreensão algumas listas,
que certamente não serão uma mais valia, como, por ex., os independentes pelo
Monte, por Machico, por São Vicente, pelo Porto Santo - certamente aparecerão
outros- mas que não nos garantem isenção. Nada tenho contra desde que sejam
efetivamente movimentos de cidadãos genuínos (os movimentos) que queiram
contribuir para uma salutar cidadania e para livrar os madeirenses deste regime
onde qualquer coisa parecida com democracia foi, e é, pura coincidência. Todavia, pelo menos nos sítios que eu
mencionei, alguns destes movimentos são compostos por militantes do PSD-M que
assim, em alguns concelhos, passam a concorrer com 2 listas. Daí que algumas
legítimas interrogações assolem o pensamento da população. Porquê esta
debandada do “laranjal? Serão os saudosistas dum passado recente que querem, a
todo o custo, continuar com os mesmos vícios introduzidos pelos seus
antecessores? Será que tiveram um rebate de consciência e agora querem
penitenciar-se perante a população que o seu partido enganou? Serão os
ressabiados que, mesmo com algum valor, foram excluídos das listas pelo
“vinganças? Serão os 49% do Dr. Miguel Albuquerque? Ou será simplesmente que estão a prever a desintegração do PSD-M
e a morte política do seu amado líder? Como vêm os madeirenses terão que estar
atentos e bem esclarecidos acerca de alguns falsos independentes e ainda
aqueles que votam contra algumas leis na AR para depois votarem a favor na ALM.
No dia 29 de setembro não se deixem enganar, novamente, ao escolherem quem irá
governar as Câmaras municipais e Juntas de Freguesia da Madeira.
P.S. Será que Governo Regional quer ser sócio da RTP-M para
fazer dela mais um Jornal da Madeira?
Juvenal Rodrigues
Publicado no D.N Madeira em 05-07-13
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