O Mundo está numa vertiginosa mudança, quanto a mim mais do
que seria necessário, todavia uma coisa se mantém praticamente imutável, as
grandes fortunas. Se recuarmos no tempo verificamos que as famílias portuguesas
como Lima Mayer, José de Melo, Alfredo da Silva, antigos proprietários da CUF,
Champalimaud, Espírito Santo etc, continuam a manter a hegemonia do poder
económico em Portugal. Quer seja através de casamentos entre estas famílias,
quer em sociedades comerciais ou até mesmo acordos, para que nunca percam o
controlo financeiro sobre o país, sobre a classe operária e até mesmo sobre os governos. Já era assim
no tempo de Salazar devido à burguesia dominante e agora continuam a usar o seu
terrível poder económico para controlar os governos democráticos. Numa carta
datada de 1939, Ricardo Espírito Santo escrevia a Salazar “ génio tão admirável
o vosso, que consegue, no voo sublime, o milagre de manter o equilíbrio puro de
inteligência por tal forma que nos faz compreender, com nunca igual certeza,
que Deus fez o homem à sua semelhança. Tirem as vossas conclusões! Já não me
restam dúvidas que após o surgimento da Europa dos 6 em 1951 a U.E continuou a crescer (são já 28) porque os grandes
grupos financeiros já não cabiam dentro das suas próprias fronteiras e então criaram uma U.E para que estes
possam expandir-se e controlar toda a Europa. Por isso recuso-me a aceitar esta
fatalidade das crises cíclicas tal como as pintam porque elas não nascem, são
fabricadas e impostas para que os grandes “lobbys” não percam o controlo
financeiro afim de manterem refém a classe proletária que quando começa a viver
um pouco melhor logo aparecem estas crises. Depois dizem que foi a população
que gastou o que não tinha. Pensem um pouco e vejam como nasceu a crise atual.
A U.E começa a dar dinheiro a rodos. A título de curiosidade, em 29 de junho 2013 o
DN Lisboa noticiava que Portugal recebeu da U.E. 9.000 euros/ dia durante 25
anos. Se as contas não me falham foram 81mil milhões de euros, sem falar no
nosso PIB. Por sua vez os
bancos começam a oferecer crédito para a casa, carro, mobília e ainda ao consumo. Foram os governos a
esbanjar as famílias a pensar que já eram ricas porque tinham 2/3 cartões de
crédito. Como por magia surge a crise e volta a miséria porque os agiotas
exigem agora juros e capital daquilo que emprestaram e que se pensou
erradamente que era tudo a fundo perdido. Assim o esquema pré fabricado volta a
colocar as famílias poderosas, vulgo grupos económicos, novamente na rota das grandes fortunas. Isto não acontece só agora, quem
consultar a história verá que nos finais do século XIX, Portugal estava nas
mãos dos proprietários da terra e dos banqueiros credores da Coroa. As
revoluções, tal como a implantação da República em 1910 e a revolução do 25
Abril acontecem quando o povo tende a libertar-se da escravatura económica mas
passados poucos anos o capitalismo volta a impor-se e volta a lei do mais
forte. Os governos democráticos, uns por incompetência outros por conveniência,
esbanjam o
dinheiro que supostamente deveria ser aplicado em investimentos com retorno e
depois é o Povo a pagar. Eles apenas sabem empurrar os problemas para o Governo
anterior como fez recentemente Paulo Portas “o irreversível” que
despudoradamente afirmava: “os socialistas são muito bons a gastar o dinheiro
dos outros e depois chamam-nos para compor as coisas. Então foram só os
socialistas? É com este descaramento que nos vão enrolando! Acaso lembra-se do
ruinoso e corrupto negócio dos submarinos? Acaso lembra-se do ano negro de 2002
quando a coligação PSD/CDS esteve no Governo? Lembra-se por acaso que quando
José Socrates saiu do Governo tínhamos um défice de 93% e agora com este
Governo está em 127%?
O “paulinho das feiras” também não disse é que os governos de direita
não têm nem nunca tiveram o mínimo de sensibilidade social têm é uma apetência
doentia por números que escravizam a população. Depois vêm os governos de
esquerda que tendem a abrir, um pouco, os cordões à bolsa para afrouxar o
garrote financeiros mas logo aparecem os P. Portas, os P. Coelhos, os “lobbys”
e os corruptos dizendo que a população está a viver acima das posses e começa a
cortar em ordenados e reformas e aumentar o custo de vida para manter a hegemonia das tais famílias.
Deixem cair a máscara e digam de uma vez que acham justo que metade dos pobres do Mundo têm tanto
como as 85 pessoas mais ricas, ou seja, a riqueza do Mundo está nas mãos de
apenas um 1% da população, isto segundo o relatório da ONG oxform tornado
público em janeiro de 2014 e que ainda acrescenta que a fortuna dos mais ricos
duplicou em poucos anos de crises. É esta justiça social que governos ditos
democráticos defendem? Se passam a vida a fazer leis inúteis para coagir os
cidadãos porque não estabelecem regras para uma economia que se quer livre mas
regrada e que não escravize as populações?
Publicado nos artigos "Opinião" do Diário Notícias Madeira em 14 Fevereiro 2014
Juvenal Rodrigues
Para quem quiser tirar dúvidas veja o filme da RTP 2 que passou às duas da madrugada. http://vimeo.com/40658606
Ou ainda o Link seguinte: http://www.youtube.com/watch?v=okhalDdjCmQ&authuser=0
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