UMA CAMPANHA DE MALEDICÊNCIA
Por Juvenal Rodrigues
Caiu o pano sobre o primeiro dos três atos eleitorais que nos reserva o ano de 2019. Mais uma vez se verificou uma elevada taxa de abstenção para um organismo de vital importância para a democracia, para a Europa, para o país e em particular para a nossa região. Mais uma vez o grande vencedor foi a abstenção com 62%, fora brancos e nulos. Um verdadeiro revanche para uma U.E que se quer mais forte e coesa. Lamentavelmente, a incompetência ou negligência dos políticos contribuiu bastante para isso já que não foram capazes de explicar coisa nenhuma. Para os eleitores foi uma tortura assistir a debates sem conteúdo e nada esclarecedores.
Como podem acreditar que é com campanhas de maledicência que convencem os eleitores indecisos? Como puderam passar dia após dia a massacrar a população apenas a dizer mal uns dos outros sem que nada de concreto apresentassem para nos elucidar sobre o impacto que tem a UE no nosso quotidiano? Sabemos que a UE não será a melhor coisa do Mundo, que também está eivada de erros e injustiças a nível social como sejam a submissão aos grandes grupos económicos ou a imoralidade dos faustoso salários dos deputados, os quais auferem milhares de euros mais as mordomias numa Europa moderna, mas retrograde, onde os cidadãos comuns ganham salários de 600€. Isso também contribui para a abstenção.
Se fossemos devidamente elucidados cabia-nos, a nós eleitores, escolher o mal menor que é viver numa UE com os seus defeitos ou viver isolados, numa economia cada vez mais globalizada. Daí a questão; qual foi a preocupação destes candidatos e o que fizeram para motivar os cidadãos, sobretudo os jovens? A preocupação foi tanta em destilar veneno verbal que esqueceram-se de explicar as vantagens para a agricultura, para as pescas, para o ambiente, ou para o emprego, áreas extremamente sensíveis, nas quais a U.E, apesar das suas imperfeições, tem ajudado no nosso desenvolvimento. Qual seria a reação dos portugueses em caso, por exemplo, de um “brexit” para o qual não estão esclarecidos?
Os políticos, sistematicamente, colocam à frente as ideologias e os interesses partidárias ao invés dos interesses nacionais, porém, não somos todos parvos e percebemos perfeitamente que quando dois políticos têm opiniões completamente antagónicas sobre o mesmo assunto, um deles está a mentir.
Não estou a ilibar ninguém de culpas mas houve uns mais culpados que outros; Nuno Melo e Assunção Cristas foram a personificação da arrogância e da desinformação numa campanha desastrosa mas quando viram que as sondagens lhes eram desfavoráveis apenas se preocupavam em não deixar o PCP lhes passar à frente. Paulo Rangel e Rui Rio responsáveis por um partido do arco da governação, logo, com dupla responsabilidade, foram o cúmulo da maledicência como se fossem os únicos virtuosos e o A.Costa fosse o maior diabo. Claro que ninguém acreditou! Os eleitores deram-lhes aquilo que mereciam. Foi uma campanha saturante que até deu para exumar dois cadáveres políticos, um responsável pela maior crise financeira em Portugal e outro por uma vergonhosa dívida regional escondida. Por sua vez Miguel Albuquerque e os seus sequazes que só abriam a boca para dizer mal do Costa, conseguiram passar entre os pingos da chuva sem se molhar, pelo menos, até às eleições de Setembro. Foi uma verdadeira desacreditação na política onde se gastaram muitas horas de campanha apenas a tentar denegrir a imagem dos seus opositores. No fim os resultados eleitorais justificam aquilo que acima foi dito. O PSD caiu para 22% e o CDS para 6.2% atrás do BE e da CDU. Quanto ao CDS local tem uma varinha de condão milagrosa que consegue transformar derrotas em vitórias...morais. A CDU também ganhou... moralmente.
Experimentem perguntar ao povo porque não votou e talvez sejam eles a esclarece-los que não é assim que se faz política.
Senhores candidatos às próximas eleições, façam mea-culpa e sobretudo construam em vez de destruir. Admitam e aprendam com os erros. O povo premeia a humildade e aprecia a assunção de culpas pelos seus governantes porque sabem que ninguém é perfeito, nem os políticos.
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