terça-feira, 10 de abril de 2012




A grande peta

Os madeirenses foram confrontados no 1º de abril  com uma carga de impostos tão violenta que mais parecia uma peta. Antes fosse! Mas infelizmente foi uma realidade nua e crua  que os governantes, lá do alto do seu imensurável saber, nos pregaram. A grande peta começou há 30 anos quando se instalou na região um regime totalitário, autista e arrogante. A grande peta começou quando utopicamente pensamos que com 250.000 habitantes seríamos maiores que o continente português com 10 milhões. Quando deveríamos manter a paz social e profícua  usamos uma tática arruaceira de virar  madeirenses contra madeirenses e ainda usa-los como arma de arremesso contra a República porque dava votos. Quando começamos a desperdiçar uma tão desejada autonomia porque não soubemos usa-la. Quando, com uma “cagança” saloia escarnecemos dos Açores afirmando que eram uns atrasados e nós é que éramos o povo superior. Quando tivemos a ousadia de dizer, para iludir a população que a Madeira seria a Singapura do Atlântico. Quando dizíamos à boca cheia que poderíamos ser independentes constatando agora que jamais poderemos viver sem ajuda devido a condições, geográficas e económicas, inultrapassáveis. Quando apenas queríamos saber qual o banco mais próximo disponível para emprestar dinheiro sem pensar que um dia teríamos que paga-lo. Quando se criou S.D. com o único objetivo de pedir dinheiro e ultrapassar as leis da República que imponham o endividamento zero. Quando se construíram complexos desportivos, hoje transformados em pastos para cabras, e 22 piscinas numa pequena ilha rodeada pelo mar. Quando se faziam inaugurações com espetada e vinho à “fartazana” porque havia bastante dinheiro para esbanjar. Quando o Sr. Governo num golpe politiqueiro baixo, ignóbil e interesseiro pretendeu esconder uma monstruosa dívida para as gerações vindouras pagarem. Quando uma maioria de deputados do partido maioritário, porque era cómodo e dava “tacho”, nunca quis fiscalizar o Governo (lembra-me o adágio popular: “cornos que dão de comer deixa-los crescer” ) como era seu dever. Algumas pessoas integras e capazes ligadas ao PSD-M, (a quem reconheço capacidade e de quem tenho prazer de ser amigo) hoje arrependidos, não se reviam na maneira arrogante e insensata do seu líder mas como estavam bem acomodados à sombra do regime nunca tiveram coragem para levantar a voz  e impedir o descalabro total de uma política suicida. Hoje, os que votaram e os que não votaram neste regime interrogam-se: com os bens de primeira necessidade a aumentar a olhos vistos, com mais de 20.000 desempregados, com empresas a abrir falência todos os dias, com 1L de combustível a custar quase 2€ (400 escudos na moeda antiga) com dívidas a curto e longo prazo, como irá a Madeira sair desta situação? Pois é caros leitores, a grande peta começou quando o Governo da RAM “e associados” começou a encher um grande balão de oxigénio que agora rebentou  deixando um grande buraco pronto a nos engolir a todos.
Juvenal Rodrigues
Publicado no Diário Notícias Funchal em 10.04.12


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