As consequências desta crise são já trágicas a curto prazo e
imensuráveis no futuro. É uma questão de tempo. Os corruptos e ambiciosos em
sintonia com governos incompetentes são uma autentica mistura explosiva para a destruição do sistema económico e
social. Não fora a ambição cega pelos valores materiais e esta gente perceberia
logo que estão a trilhar uma estrada sem saída. As medidas de austeridade
actualmente impostas, embora parecendo resolver o problema da crise, só o vai agravar.
Os ordenados baixos e os cortes de subsídios vão originar menos poder de compra
e um estrangulamento no comercio que ao não vender originará falências e o imediato despedimento dos
trabalhadores. Por outro lado ninguém quererá investir num local onde a
população não tem poder de compra. Os aumentos constantes dos combustíveis vão
paralisar toda a economia. Sem comercio e indústria as receitas do Estado
diminuem drasticamente e o consequente aumento das despesas com o desemprego e
outros benefícios sociais. Se não houver um sistema de saúde de qualidade
teremos uma população doente e maiores despesas em cuidados de saúde. Com o
difícil acesso à educação o país
arrisca-se a ter uma população analfabeta e aqueles que conseguem concluir um
curso emigrarão por falta de emprego, com graves problemas futuros na ciência e
tecnologia. A agitação social começa a
tomar forma com assaltos violentos, roubos, pequenos furtos, consumo de drogas
e violência doméstica acabarão por aumentar a população prisional originando
ainda processos moroso e caros. As
actividades comerciais paralelas, com fugas aos impostos são previsíveis porque
será preferível arriscar coimas ou até prisão do que pagar impostos tão altos.
Daí a estagnação das receitas de Estado. A tudo isto juntemos a corrupção e
especulação incontroláveis devido à quantidade de casos cujos tribunais não
terão capacidade para resolver. O tráfego e o consumo de drogas subirão
exponencialmente, os primeiros porque tudo farão para ganhar dinheiro de
qualquer forma e os segundos fruto da degradação social. O aumento do consumo
de ansioliticos é já uma constante o
que irá originar mal estar, desconforto e subaproveitamento na classe
trabalhadora. Acrescentemos a tudo isto a degradação familiar e teremos as tais
consequências imprevisíveis. Pergunto; A quem interessa esta estado de coisas?
A ninguém certamente. Mas tal como o homem, por ambição cega, não mediu as
consequências da degradação do ambiente também
não as mede a nível económico e social. Depois será o caos! Alguns
leitores estarão a pensar; mais um profeta da desgraça! Mas garanto-lhes que
gostaria de estar a fazer outro discurso bem mais positivo. Sou apenas mais um
que se preocupa com o futuro e tenta
chamar a atenção dos políticos e grandes magnatas no sentido de trilhar um rumo
social mais equitativo e equilibrado enquanto ainda estamos a tempo de evitar a
degradação total.
Juvenal Rodrigues
Publicado em “cartas do leitor” do DN Funchal em 18.08.12
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