2014 iniciou o seu inalterável percurso de 365 dias. Com
tempestades ou bonanças, guerra ou paz,
fartura para alguns e miséria para outros, os sinuosos caminhos do ano novo
terão que ser percorridos. Cabe ao homem continuar gerindo os meses, as
semanas, os dias, as horas e os minutos. Pena é que o animal mais perigoso
sobre a terra – o homem- tenha perdido por completo, a noção do bem comum e
continue a geri-lo sempre em proveito próprio. Obcecado pela ganância nem se dá
conta que os ciclos de 365 dias, inevitavelmente, terão fim. Esse animal, dito
racional, está a provocar a destruição da vida na terra porque ainda não
compreendeu que tudo, no Mundo, tem que ser gerido com bom senso, ponderação e
equilíbrio, até o dinheiro.
A era da tecnologia avança a um ritmo estonteante mas
preocupante. Todo o Mundo vibra com as novas tecnologias – eu não fujo à regra-
dos computadores, dos telemóveis, das compras pela Internet, dos futuros
“drones” para efetuar as entregas dessas mesmas compras. Uma infinidade de bens
e serviços ao alcance de um clique. Não estou contra elas, quanto mais não
fosse porque são irreversíveis, não obstante tudo tem um preço e esse será um
desemprego ascendente no Mundo. Os governantes têm obrigação, desde já, começar
a debater as graves consequências dum futuro próximo dominado por esse flagelo
ou corremos o sério risco de tornar o ser humano descartável. Como reagirá o
homem absolutamente dependente de um emprego para sobreviver num Mundo mais
globalizado e mais dependente do dinheiro? Vamos criar uma sociedade de
mendigos dependentes de federações de caridade? É certo e sabido que a escassez
de meios levará ao roubo à violência e até à guerra feroz pela sobrevivência onde a ficção de hoje
será a realidade do amanhã quando o homem passar para segundo plano no grau de
prioridades.
A velha Europa desde 1951 com a nascimento da Comunidade
Europeia do Carvão e do Aço, CECA, fruto de uma ideia de Jean Monnet e
apresentada por Robert Schuman, ministro dos negócios estrangeiros de França,
conhecida como a Europa dos seis, começou a ter uma visão coletiva de uma
Europa virada para um crescimento sustentado o que, de certo modo, viria a
conseguir ao ponto de integrar o Reino Unido a Dinamarca e a Irlanda. Nascia a
“Europa dos nove. Mais tarde com a integração da Grécia, Portugal e Espanha
passou à “Europa dos doze” e em 2007 já estávamos na Europa dos 27. Porém, do
meu ponto de vista, desde a Europa dos 9 temos vindo a regredir por uma
gritante falta de clarividência e de uma visão estratégica já que se enveredou
pela senda do capitalismo selvagem que tudo destrui esquecendo os valores familiares e sociais, pilhares que têm
suportado o Mundo, e isto não augura nada de bom. A U.E. tornou-se num clube
onde todos querem entrar, não pelos benefícios mas porque já não há alternativa
ao grande capital e se tentam lutar contra ele são obrigados a afundarem-se
sozinhos. O Tratado de Lisboa assinado pelos 27, em dezembro de 2009 e
considerado um feito histórico, trazia nova esperança mas os grandes lobbys e
os políticos corruptos uma vez mais impediram que fosse alterada uma política
totalmente virada para o materialismo. O passo para o abismo, da Europa e do
Mundo, será a gradual substituição do homem pela máquina quando esta lhe roubar
o emprego, única forma que ele tem para sobreviver. Os governantes muito mal
preparados política e tecnicamente, estão manietados pela ilusão de um
crescimento económicos sem fim, dogma dos especuladores e corruptos que,
enquanto obtiverem lucros fáceis, não querem saber dos problemas sociais. Sintomático será o que acontece com o nosso 1º Ministro absolutamente dependente
dos investidores que, para salvar
Portugal da crise financeira, vai “matar” os portugueses. Quando chegamos ao
ponto do Estado sortear automóveis para arrecadar dinheiro acho que ilustra bem
tudo aquilo que referi.
Quanto tempo levarão os governantes a perceber que o rumo do
Mundo não pode ser traçado por meia dúzia de grupos económicos gananciosos?
A propósito, já alguém questionou como é que um país tão
pequeno como Portugal dá tantos cargos de destaque na Europa? Durão Barroso,
Jorge Sampaio, António Guterres, Victor Constâncio. Seguir-se-á Victor Gaspar e
provavelmente Passos Coelho e Paulo Portas.
Estranha coincidência ou serão os portugueses os cobaias
para estes meninos subservientes, ao serviço dos grandes lobbys, ganharem estes
prémios?
Como já nem os políticos têm dúvidas que o grande problema
do futuro será o desemprego, comecem a prevenir agora para não remediar mais
tarde.
Juvenal Rodrigues
publicado na página opinião do Diário Notícias Funchal em 13.01.2014
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