Combate aos incêndios e aos pirómanos
“drones”: é sobre esses “brinquedos” que me debruço na prevenção de incêndios florestais
27 JUL 2017 / 02:00 H.
Perdoem-me os entendidos na matéria mas depois de tanto sofrimento causado pelos incêndios a aproximação do tempo quente deixa-me apreensivo ao ponto de tentar contribuir para preveni-los antes de remedia-los. Acho melhor ter uma má ideia do que não ter ideia nenhuma.
Atravessamos uma era de várias e novas tecnologias ao serviço do homem que por vezes nem nos apercebemos da sua proveitosa utilidade. Entre elas encontram-se os “drones” e é sobre esses “brinquedos” que me debruço na prevenção de incêndios florestais e outros.
Atualmente o PPVIF (plano de prevenção e vigilância aos incêndios florestais) concebido pelo Instituto de Floresta e Conservação da Natureza define diversos pontos de intervenção rápida por toda a ilha incluindo seis torres fixas de vigilância. É exatamente nestas seis torres que incide o meu raciocínio. Porque não adicionar, ao plano de prevenção, um “drone” por cada torre como importante complemento de vigilância onde cada um sobrevoaria 7 km em redor a fim de monitorizar todas as serras, montes e vales detetando in loco qualquer foco de incêndio? Uma vez que fazem voos rasantes, ou em altitude, seriam um eficaz instrumento para detetar focos iniciais de incêndios em zonas povoadas de combustão ou até pirómanos quer apeados ou de carro sem esquecer uma eficaz prevenção na formação de enxurradas a montante na época de inverno. A partir daí se o foco fosse detetado num ponto inacessível, o combate seria feito, imediatamente, por meios aéreos uma vez que, aparentemente, os teremos em breve. Em zona com acessibilidade terrestre seriam, obviamente, as viaturas dos bombeiros. Chamaria a isto prevenção em tempo útil.
Eventuais questões: Os “drones” são caros e o orçamento regional não comporta? Não, visto que um drone DJI Phanton 4 pro+, com câmara, equipado com sensor CMOS e captação de imagens com resolução de C4K(4096x2160 pixeis equipado com GPS custa cerca de 2.000 euros. A formação para opera-los é dispendiosa? Não, uma vez que o controlador já estaria de vigilância nas torres e apenas acrescentaria mais um instrumento de que lhe permitiria uma vigia num raio de ação de 7 km com autonomia até 30 minutos à velocidade de 72 km/h. A legislação não permite? Acho que por aí também não haverá obstáculo uma vez que nem é necessário autorização da ANAC para pilotar “drones” até 25kg de peso.
Embora o PPVIF anunciasse que os postos acima dos 700m seriam vigiados pela polícia florestal acho que esta vigilância, nem de longe, seria tão eficaz como um “drone” voando em altura ou em voo rasante. Então porque esperamos?
Esta ideia, quanto a mim, é simples económica e eficaz mas se alguém entendido na matéria disser que isto não é possível, sinceramente, dava-lhe um doce para explicar porquê. Recordo-vos que durante vários anos o combate por meios aéreos não era possível na região mas agora já é!
A PROPÓSITO; em 25.08.16 numa carta do leitor intitulada “Uma questão de transparência”, escrevi, neste jornal, que deveria haver mais transparência na gestão das verbas recolhidas para as catástrofes que têm assolado a nossa ilha e prometi que voltaria ao assunto caso não houvesse mais rigor na gestão de subsídios às pessoas afetadas. Fiquei esperançado quando, dias depois, a Secretaria de Inclusão e Assuntos Sociais anunciava na, comunicação social, que a partir de então haveria maior transparência, porém, passado o aluvião de 2010, os 4 grandes incêndios de 2010, 2012, 2013 e o mais recente de 2016, a dilação continua e não se sabe quanto distribuíram para minorar o sofrimento das vítimas. Sabemos apenas que muitos continuam à espera. Recordo que a onda de solidariedade, pública e privada, que se verificou, nessas catástrofes, foi enorme e reuniu muitos milhões mas ainda não se sabe quem os gere nem como foram aplicados.
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