Mais uma vez os madeirenses demonstraram o seu espírito masoquista. Numa terra que está a afundar-se, dia após dia ano após ano, é tão absurdo dar novamente a vitória ao PSD-M como haver 43% de eleitores que ficam comodamente em casa como se a crise e a má governação nada tivesse a ver com eles e não afetasse diretamente a sua vida familiar. Nota-se um comportamento tão atípico nos eleitores desta região que nenhum raciocínio lógico lhe resiste. Paradoxalmente até as sondagens pré eleitorais têm margens de erro bastante elevadas em que primeiro colocavam o CDS atrás do PS para logo a seguir dar um ligeiro avanço do CDS e depois dos votos contados verifica-se uma diferença de mais de 6%. Os madeirenses, até pelo telefone, renegam os padrões de uma democracia sadia. As pessoas mais idosas, mais humildes ou menos cultas da Madeira viveram no tempo da ditadura e habituaram-se à repressão. Depois veio o 25 de Abril de 74 que nos trouxe o Dr. Jardim com o seu regime de controlo absoluto sobre tudo o que mexe e essas mesmas pessoas não conseguiram diferenciar um regime do outro continuando, humildemente, a prostra-se aos pés do “senhor governo” e da imaculada Igreja onde alguns padres indicavam a setinha virada para o céu como se fosse a salvação do corpo e do espírito. Uma crença com laivos de fanatismo, hoje, apenas vista na ideologia muçulmana. Nunca perceberem que tinham direitos e por isso não os reivindicavam contentando-se apenas com algumas migalhas de um pão que sobrava da mesa dos senhores ricos e do sr. governo. Humilhados e subservientes nem perceberam que os pesados impostos que pagam lhes dá direito a luz, água e uma estrada. Como se isso não bastasse A.J Jardim, ardilosamente, incuti-lhes um medo atroz no que respeita aos partidos de esquerda na Madeira cujo discurso de defesa dos mais pobres não encontra eco nos mais incultos e escolhem a demagogia de um partido que, curiosamente, aperta sempre os mais fracos mas é bem aceite porque fala naquilo que eles não sabem destinguir. O dr. Jardim, contra as expectativas, mais uma vez ganhou, embora com margem mínima graças à máquina eleitoral que montou em toda a ilha em 33 anos. Apesar de ter colocado a Madeira em rota de destruição total valeu-lhe, mais uma vez, a verberação, já gasta, contra Lisboa (lembram-se do chinfrim sobre as finanças regionais e da sua demissão?) alcandorando-se, agora, em salvador dos madeirenses, contra a “Troika” e contra o Governo de Lisboa, dum grande buraco que ele próprio criou. Coitados dos madeirenses que ainda não perceberam que ele já não tem força nenhuma e que vai “comer” o que lhe puserem à frente. Esta foi a última tábua de salvação a que ele se agarrou com toda a força mas de tão podre que está afundar-se-á arrastando os madeirenses antes de terminar esta legislatura.
Juvenal Rodrigues
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