BPN
João Marcelino,
diretor do D. N., Lx, considera que “é o maior escândalo financeiro da história
de Portugal".
Isto é uma das maiores vergonhas de Portugal.
Tenho pena que os actuais dirigentes do PSD não se desmarquem
das ovelhas negras que protagonizaram este roubo, e que nada
façam para que a Justiça julgue e condene os responsáveis.
Quarta-feira, 21 de Março de 2012
BPN-A Maior Burla de Sempre em Portugal
Este número
é demasiado grande para caber nos jornais (9.710.600.000,00€)
!! !
Além disso,
reparem bem, nos nomes dos protagonistas!!! Tudo “gente fina”, bem posicionada
e intocáveis!!!
Parece
anedota, mas é autêntico: dia 11 de abril do ano passado, um homem armado
assaltou a dependência do Banco Português de Negócios, ou simplesmente BPN, na
Portela de Sintra, arredores de Lisboa e levou 22 mil euros. Tratou-se de um
assalto histórico: foi a primeira vez que o BPN foi assaltado por alguém que
não fazia parte da administração do banco.
O BPN tem
feito correr rios de tinta e ainda mais rios de dinheiro dos contribuintes.
Foi a maior burla de sempre em Portugal,qualquer coisa como 9.710.539.940,09 euros.
Com esses nove biliões e setecentos e dez
milhões de euros, li algures, podiam-se comprar 48 aviões Airbus A380 (o maior
avião comercial do mundo), 16 plantéis de futebol iguais ao do Real Madrid,
construir 7 TGV de Lisboa a Gaia, 5 pontes sobre o Tejo ou distribuir 971 euros
por cada um dos 10 milhões de portugueses residentes no território nacional (os
5 milhões que vivem no estrangeiro não seriam contemplados).
João Marcelino, diretor do Diário de Notícias, de
Lisboa, considera que “é o maior escândalo
financeiro da história de Portugal. Nunca antes
houve um roubo desta dimensão, “tapado” por uma nacionalização que já custou
2.400 milhões de euros delapidados algures entre gestores de fortunas privadas
em Gibraltar, empresas do Brasil, offshores de Porto Rico, um oportuno banco de
Cabo Verde e a voracidade de uma parte da classe política portuguesa que se
aproveitou desta vergonha criada por figuras importantes daquilo que foi o
cavaquismo na sua fase executiva”.
O diretor do DN conclui afirmando que este
escândalo “é o exemplo máximo da promiscuidade dos decisores políticos e
económicos portugueses nos últimos 20 anos e o emblema maior deste terceiro
auxílio financeiro internacional em 35 anos de democracia. Justifica plenamente
a pergunta que muitos portugueses fazem: se isto é assim à vista de todos, o
que não irá por aí?”
O BPN foi criado em 1993 com a fusão das sociedades
financeiras Soserfin e Norcrédito e era pertença da Sociedade Lusa de Negócios
(SLN), que compreendia um universo de empresas transparentes e respeitando
todos os requisitos legais, e mais de 90 nebulosas sociedades offshores
sediadas em distantes paraísos fiscais como o BPN Cayman, que possibilitava
fuga aos impostos e negociatas.
O BPN tornou-se conhecido como banco do
PSD, proporcionando "colocações" para ex-ministros e secretários de
Estado sociais-democratas. O homem forte do banco era José de Oliveira e Costa,
que Cavaco Silva foi buscar em 1985 ao Banco de Portugal para ser secretário de
Estado dos Assuntos Fiscais e assumiu a presidência do BPN em 1998, depois de
uma passagem pelo Banco Europeu de Investimentos e pelo Finibanco.
O braço direito de Oliveira e Costa era
Manuel Dias Loureiro, ministro dos Assuntos Parlamentares e Administração
Interna nos dois últimos governos de Cavaco Silva e que deve ser mesmo bom (até
para fazer falcatruas é preciso talento!), entrou na política em 1992 com
quarenta contos e agora tem mais de 400 milhões de euros.
Vêm depois os nomes de Daniel Sanches,
outro ex-ministro da Administração Interna (no tempo de Santana Lopes) e que
foi para o BPN pela mão de Dias Loureiro; de Rui Machete, presidente do Congresso
do PSD e dos ex-ministros Amílcar Theias e Arlindo Carvalho.
Apesar desta constelação de bem pagos
gestores, o BPN faliu. Em 2008, quando as coisas já cheiravam a esturro,
Oliveira e Costa deixou a presidência alegando motivos de saúde, foi substituido
por Miguel Cadilhe, ministro das Finanças do XI Governo de Cavaco Silva e que
denunciou os crimes financeiros cometidos pelas gestões anteriores.
O resto da história é mais ou menos
conhecido e terminou com o colapso do BPN, sua posterior nacionalização e
descoberta de um prejuízo de 1,8 mil milhões de euros, que os contribuintes
tiveram que suportar.
Que aconteceu ao dinheiro do BPN? Foi
aplicado em bons e em maus negócios, multiplicou-se em muitas operações
“suspeitas” que geraram lucros e que Oliveira e Costa dividiu generosamente
pelos seus homens de confiança em prémios, ordenados, comissões e empréstimos
bancários.
Não seria o primeiro nem o último banco
a falir, mas o governo de Sócrates decidiu intervir e o BPN passou a fazer
parte da Caixa Geral de Depósitos, um banco estatal liderado por Faria de
Oliveira, outro ex-ministro de Cavaco e membro da comissão de honra da sua
recandidatura presidencial, lado a lado com Norberto Rosa, ex-secretário de
estado de Cavaco e também hoje na CGD.
Outro social-democrata com ligações ao
banco é Duarte Lima, ex-líder parlamentar do PSD, que se mantém em prisão
preventiva por envolvimento fraudulento com o BPN e também está acusado pela
polícia brasileira do assassinato de Rosalina Ribeiro, companheira e uma das
herdeiras do milionário Tomé Feteira. Em 2001 comprou a EMKA, uma das offshores
do banco por três milhões de euros, tornando-se também accionista do BPN.
Em 31 de julho, o ministério das
Finanças anunciou a venda do BPN, por 40 milhões de euros, ao BIC, banco
angolano de Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos, e
de Américo Amorim, que tinha sido o primeiro grande accionista do BPN.
O BIC é dirigido por Mira Amaral, que
foi ministro nos três governos liderados por Cavaco Silva e
é o mais famoso pensionista de
Portugal devido à reforma de 18.156 euros por mês que recebe
desde 2004, aos 56 anos, apenas por
18 meses como administrador da CGD.
O Estado português queria inicialmente 180 milhões
de euros pelo BPN, mas o BIC acaba por
pagar 40 milhões (menos que a cláusula de rescisão
de qualquer craque da bola) e os
contribuintes portugueses vão meter ainda mais 550
milhões de euros no banco, além dos 2,4 mil
milhões que já lá foram enterrados. O governo
suportará também os encargos dos despedimentos de mais de metade dos actuais
1.580 trabalhadores (20 milhões de euros).
As relações de Cavaco Silva com antigos dirigentes
do BPN foram muito criticadas pelos seus oponentes durante a última campanha
das eleições presidenciais. Cavaco Silva defendeu-se dizendo que apenas tinha
sido primeiro-ministro de um governo de que faziam parte alguns dos envolvidos
neste escândalo. Mas os responsáveis pela maior fraude de sempre em Portugal
nãoforam apenas colaboradores políticos do presidente, tiveram também negócios
com ele.
Cavaco Silva também beneficiou da especulativa e
usurária burla que levou o BPN à falência.
Em 2001, ele e a filha compraram (a 1 euro por
acção, preço feito por Oliveira e Costa) 255.018 acções da SLN, o grupo
detentor do BPN e, em 2003, venderam as acções com um lucro de 140%, mais de 350 mil euros.
Por outro lado, Cavaco Silva possui uma
casa de férias na Aldeia da Coelha, Albufeira, onde é vizinho de Oliveira e
Costa e alguns dos administradores que afundaram o BPN. O valor patrimonial da
vivenda é de apenas 199. 469,69 euros e resultou de uma permuta efectuada em
1999 com uma empresa de construção civil de Fernando Fantasia, accionista do
BPN e também seu vizinho no aldeamento.
Para alguns portugueses são muitas
coincidências e alguns mais divertidos consideram que
Oliveira e Costa deve ser mesmo bom
economista(!!!): Num ano fez as acções de Cavaco e da
filha quase triplicarem de valor e,
como tal, poderá ser o ministro das Finanças (!!??) certo para
salvar Portugal na actual crise
económica. Quem sabe, talvez Oliveira e Costa ainda venha a ser
condecorado em vez de ir parar à
prisão....ah,ah,ah.
O julgamento do caso BPN já começou,
mas os jornais pouco têm falado nisso. Há 15 arguidos,
acusados dos crimes de burla qualificada,
falsificação de documentos e fraude fiscal, mas nem
sequer se sentam no banco dos réus.
Os acusados pediram dispensa de
estarem presentes em tribunal e o Ministério Público deferiu
os pedidos. Se tivessem roubado 900
euros, o mais certo era estarem atrás das grades, deram
descaminho a nove biliões e é um
problema político.
Nos EUA, Bernard Madoff, autor de uma
fraude de 65 biliões de dólares, já está a cumprir 150
anos de prisão, mas os 15 responsáveis
pela falência do BPN estão a ser julgados por juízes
"condescendentes", vão
apanhar talvez pena suspensa e ficam com o produto do roubo, já que
puseram todos os bens em nome dos
filhos e netos ou pertencentes a empresas sediadas em paraísos fiscais.
Oliveira e Costa colocou as suas
propriedades e contas bancárias em nome da mulher, de quem
entretanto se divorciou após 42 anos
de casamento. Se estivéssemos nos EUA, provavelmente a
senhora teria de devolver o dinheiro
que o marido ganhou em operações ilegais, mas no Portugal
dos brandos costumes talvez isso não
aconteça.
Dias Loureiro também não tem bens em
seu nome. Tem uma fortuna de 400 milhões de euros e o
valor máximo das suas contas
bancárias são apenas cinco mil euros.
Não há dúvida que os protagonistas da
fraude do BPN foram meticulosos, preveniram eventuais
consequências e seguiram a regra de
Brecht: “Melhor do que roubar um banco é fundar um”.
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