quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

VIOLÊNCIA E DESTRUIÇÃO







A violência e a destruição não têm lugar em democracia”, esta frase de Lucas Papademos, primeiro ministro grego, suscitou-me um turbilhão de pensamentos acerca do que é afinal uma Democracia inventada pelos homens, os mesmos que lhe retiraram o significado tornando-a oca no conteúdo. Como se poderá evitar a violência e a destruição numa democracia, cuja geração de políticos está repleta de oportunistas, corruptos, hipócritas, mentirosos e ignorantes. Esta frase faria todo o sentido se a sociedade tivesse político honestos ou, pelo menos, criasse leis que castigasse severamente os prevaricadores que, sem se saber como, enriquecem do dia para a noite. Os mesmos que, descaradamente, legislam a seu favor aprovando leis que lhes garante imunidade parlamentar para  protegerem a si próprios e assim saírem impunes das ilegalidades que cometem. Por isso o cidadão comum pergunta: como funciona a justiça que deveria ser o garante da democracia? Como se pode confiar num sistema democrático onde a ignorância dos governantes permitiram que o poder económico absorvesse por completo o poder político? Como se deixou que uma economia ultra liberal condicionasse o Mundo ao ponto de o mais pequeno foco de tumultos no Médio Oriente, uma ameaça de desenvolvimento nuclear no Irão, ou um espirro de Obama provoque graves convulsões nos mercados financeiros mundiais sendo sempre as populações a sofrerem as consequências? Isto só prova a terrível influência que os grupos económicos exercem sobre o Mundo. Tudo gira à volta do poder económico que estrangula os países obrigando-os a pedir dinheiro para pagar dívidas aumentando assim a dívida para o futuro. Como se atrevem os governantes a falar em democracia depois de permitirem que o grande lobby da industria farmacêutica comercialize produtos, para a saúde tão caros fora do alcance do simples cidadão que, vivendo do seu salário, já não pode adquiri-los ou ter acesso a uma intervenção cirúrgica  a preços proibitivos? Que democracia é esta que permite que outro grande especulador, o terrível lobby do petróleo, condicione impunemente todo o poder económico estrangulando os transportes, a agricultura as pescas e praticamente toda a economia mundial que depende do petróleo? A actual geração de políticos, que tenta ficar bem na fotografia criou todas as condições para que uma economia ultra liberal metesse num colete de força toda a população mundial a qual já se denomina de escravatura moderna. Os escravos modernos, vitimas da ganância desenfreada, passarão a trabalhar de sol a sol, a não ter acesso à educação, a contar os cêntimos para o super mercado, a abdicarem do pequeno conforto de usar o carro e a entregarem as casas ao banco para voltarem a viver em cabanas. Se é este o conceito de democracia que têm os actuais políticos governantes e a que se refere o 1º Ministro grego então está explicado a violência e destruição em democracia.
Juvenal Rodrigues
Publicado no Diário Notícias em 18.02.12

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

OS DEVANEIOS E AS EXPLICAÇÕES

O Sr. Presidente do Governo, agora que já lhe cheira a perda de votos, vai para a porta das igrejas explicar a crise aos madeirenses. Hilariante! Fazendo uma retrospectiva mental perguntei a mim próprio: mas o que tem ainda para explicar o Sr Governo? vai explicar porque está agarrado ao poder de uma forma inexplicável e doentia que nem que o céu desabasse sobre esta terra ele se demitiria? Vai apregoar uma vez mais que a culpa é de Lisboa e dos partidos da oposição e que só ele tem razão? Com que palavras irá explicar a gestão danosa dos dinheiros públicos gastando milhões a mais para inaugurar obras a tempo das eleições? Como explicar a irresponsabilidade de gastar milhões em campos de futebol, piscinas e no JM para propagandear o seu regime, quando falta dinheiro para pagar às farmácias? Como explicará os aumentos brutais na saúde, nos transportes e nos bens de primeira necessidade? E o preço proibitivo dos combustíveis, a partir de abril, para próximo dos 2 €, devido ao aumento do ISP, para substituir portagens, que até os barcos de pesca vão pagar e que nunca passarão nas vias rápidas, ruas e travessas, que o Dr. Jardim inaugurou no tempo das vacas gordas mas que os madeirenses nem vão usar por falta de dinheiro para comprar esses combustíveis? Será que também irá explicar a saída do navio “Armas” da rota da Madeira isolando-nos pelo mar e agravando ainda mais o nosso custo de vida! Explicará ainda a todos os empresários madeirenses, cujas empresas faliram ou estão em processo de insolvência, porque o Governo da região não lhes pagou os calotes que lhes devia deixando, por arrasto, todo o nosso tecido empresarial à beira do colapso. Se alguém ainda tiver paciência para o ouvir diga-lhes que a sua governação foi um autêntico desastre e explique que toda aquela arrogância e riqueza apregoada não passava de pobreza disfarçada acabando até por hipotecar a própria autonomia que agora passa a ser mandada por Lisboa. Pode ser que se safe se apregoar, como sempre, que a culpa nunca foi sua. Mas também terá que explicar que sempre fez tudo o que entendeu até levar a Madeira à bancarrota, quando os “tontos” dos açoreanos viverão com melhores condições de vida porque tiveram um Governo que não entrou em loucuras para ganhar eleições à força.

Não Sr Presidente, Vª Exª, com verdade, nunca poderá explicar coisíssima nenhuma. Vai é deitar mais um punhado de poeira para os olhos daqueles que sempre confiaram em si, e tentar limpar a sua imagem e a do seu partido únicos responsáveis por esta triste realidade a que a Madeira chegou. Deveria aproveitar o ensejo ajoelhando-se no adro de todas as igrejas da ilha onde fez promessas vãs pedindo perdão a Deus e aos madeirenses porque nunca foi capaz de avaliar a dimensão da sua “cegueira. Se esta tragédia acontecesse num país do Médio Oriente de certeza que o Sr. Governo nem se atreveria a pôr os pés no adro das igrejas.

P.S. Será que no “caderno de encargos” que o Sr. Presidente assinou com a República, ficou proibido aquele devaneio de gastar milhões com o JM?

Juvenal Rodrigues

Publicado no Diário de Notícias Funchal em 8.02.12