segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

NUNCA ESTIVEMOS TÃO PERTO


 A Madeira vive, politicamente, uma situação agitada como não vivia há trinta anos após o Sr. José Manuel Coelho ter participado nas eleições para a P. República. No meu entender, de um dia para o outro, o Sr Coelho viu-se com uma criança nos braços, (entenda-se 46.000 votos dos madeirenses)  e agora não sabe o que fazer com a dita cuja uma vez que nem ele a esperava. Por sua vez os partidos da oposição, na tentativa de cuidarem da criança, têm contribuído bastante com sugestões, coligações e demais confusões para confundir e desorientar os eleitores madeirenses que começam finalmente a vislumbrar o fim do regime jardinista. Ou seja, parece que todos os partidos da oposição querem agora disputar os votos que o Sr. Coelho conquistou em vez de se virarem para os eleitores insatisfeitos com o PSD-M e para os abstencionistas que não votam por acharem que não têm uma alternativa válida a este regime. Tornam-se assim agentes “laranja” infiltrados nas hostes da oposição para  tornar inócuo qualquer projecto que vise derrubar o poder. Ao ver os erros sistemáticos desta oposição, se me fosse permitido dar um conselho ao Sr.José M.Coelho dir-lhe-ia: O senhor não terá, obviamente, até Outubro, possibilidades de concorrer ás eleições em todos os conselhos da Madeira mas, se conseguiu 7.500 assinaturas para concorrer à P.R., julgo que não terá dificuldade, de maior, em conseguir concorrer com listas próprias no Funchal, Santa Cruz e Machico, Conselhos onde as populações lhe deram a vitória mostrando o seu descontentamento com a forma como estão a ser governados. Por sua vez, os partidos da oposição deveriam concorrer individualmente capitalizando assim os votos do seu eleitorado mais fiel enquanto o movimento “Juntos pela Madeira”(?) iria capitalizar os votos dos abstencionistas e dos insatisfeitos com este Governo. Se o objectivo de toda a oposição madeirense é, como afirmam, derrubar este regime putrefacto que nos (des)governa à tantos anos nada melhor que mais uma força na oposição. Dir-me-ão: mas o Sr. Coelho não vai ganhar as eleições! Também acho que não, porém, mais 46.000 votos contribuiria definitivamente para retirar a maioria absoluta ao PSD-M. Depois impunha-se que a toda a oposição ganhasse juízo e apresentassem propostas credíveis, com acordos sérios, pré ou pós eleitoral,  afim de não deixar passar todas os projectos absurdos que esta maioria laranja tem aprovado todos estes anos na ALM. Os madeirenses nunca estiveram tão perto de se verem livres deste sufocante poder laranja por isso, para salvar a Madeira, é dever da oposição engolir os orgulhos e preconceitos e não deixar passar esta oportunidade.

Juvenal Rodrigues.

Publicado em “Cartas do Leitor” no Diário Notícias em 18.2.11   

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

SINAIS DE MUDANÇA


Foram tantos anos a votar numa figura carismática que os madeirenses se habituaram a escolher os seus líderes pelo seu carisma e não pelo seu projecto político. Neste momento o Sr. José Manuel Coelho, surgindo do nada, já vale tanto como o Dr. Jardim em capital político mas com a mais valia de ter tido a coragem de enfrentar o eleitorado português de Norte a Sul, coisa que o Dr. Jardim nunca teve. Já estou mesmo a imaginar, para as próximas eleições legislativas regionais um slogan: “plataforma democrática urgente com Coelho à frente” e certamente que não é pelo seu projecto político visto ele nunca o ter apresentado publicamente. Uma coisa é certa os sinais de mudança estão à vista e não fora as freguesias rurais da Madeira, aquelas cujas idades avançadas dos votantes e menos esclarecidos se diferenciam, J.M. Coelho teria, mesmo, ficado à frente do grande favorito Cavaco Silva (39 contra 44%). Isto porque Funchal, Santa Cruz e Machico, conselhos onde as populações já têm uma maior cultura democrática demonstraram bem a sua saturação e o seu descontentamento em relação a uma governação amorfa caduca e “ediota” (entenda-se sem ideias) que os governantes madeirenses têm apresentado a uns anos a esta parte. Quero ilustrar esta apreciação com um comentário que me chocou profundamente quando um madeirense respondia a uma reportagem de exteriores da  RTP –M no decorrer dos resultados eleitorais: “o meu voto é sempre o mesmo, eu nunca mudo. Por aqui podemos aferir o grau de cultura democrática que alguns madeirenses, infelizmente, ainda têm no que concerne ao exercício da democracia! Os partidos não são clubes de futebol com os quais simpatizamos desde pequenos, eles precisam de se alternar na governação conforme os seus programas sociais e para não criar vícios ou tendências que prejudiquem as populações. É esta salutar alternância que distingue uma ditadura de uma democracia. Voltando aos resultados destas eleições para P. República concluo que: J.M. Coelho consegui travar a superioridade do PSD-M coisa que a oposição na Madeira ainda não conseguiu e que a abstenção (52.47%)  foi a grande vencedora porque os portugueses quiseram castigar os políticos pelas políticas anti-sociais, que desde à muito,  independentemente da cor que exerce o poder, estrangulam as classes pobres e médias  beneficiando descaradamente as classes da alta finança,  dirigentes com altos cargos políticos, governantes, especuladores, gestores, corruptos e os “jobs for the boys”. Nunca como agora as massas tiveram acesso a tanta informação veiculada  por esse fenómeno que são as redes sociais que, com verdades e algumas invenções á mistura, estão a revolucionar a forma de pensar das populações com as consequentes convulsões sociais que daí possam advir.
Juvenal Rodrigues
Artigo publicado nas cartas do leitor do Diário de Notícias em 27.01.2011

   

UMA QUEDA INEVITÁVEL




Escrevi um dia, nesta mesma página, o que já muitos madeirenses previam, que o apego ao poder havia de fazer o Presidente do G. R. da Madeira sair pela “porta pequena” da Quinta Vigia pelos muitos erros que cometeu. Na verdade a decadência já começou há muito sem que o deslumbrado líder, na sua ambição desmedida, disso se apercebesse e desse origem ao seu estado actual, físico e político. Por muito que tente mostrar a pujança de outrora a sua fragilidade é por demais evidente. Vai a uma simples exploração agrícola num esforço titânico para aparecer em público e evitar a decadência do seu Governo. Fala do PS de cá ou de lá, tanto faz, para convencer, como sempre, que a crise da Madeira pertence unicamente aos outros. Diz umas piadas “amarelas” sobre coelhos. Fala em meter um susto aos bancos aproveitando-se do descontentamento popular, sabendo que está nas mãos desses bancos e não ao contrário. Faz apelos patéticos ao consumo dos produtos regionais sem perceber que o poder de compra dos madeirenses é diminuto e terão que comprar o que é mais barato. Talvez os açoreanos possam comprar produtos regionais porque têm impostos mais baixos, transportes marítimos e combustíveis mais baratos, conseguem dar mais 65€/mês aos reformados e ainda aumentos aos funcionários públicos enquanto o nosso Governo apenas faz de conta que é rico mas deve dinheiro a toda a gente. Para “cegar” alguma população desanca sobre os ingleses com referência, especial, ao “Blandy”, proprietário do Diário, mas esquece que, ainda ele não era nascido já as empresas “Hinton”, “Leacock” e “Blandy” promoviam emprego para sustento de muitos madeirenses. O Dr. Jardim parece agora, condenado a arrastar-se penosamente na teia dos lobbys que ajudou a criar, e a assistir ao desmoronamento interno do PSD-M, que nem sucessor tem, dando motivo aos “jotinhas” para “levantarem cabelo”. Senhor Presidente aceite, sem fobias, as indicações claras que os madeirenses lhe deram nas últimas eleições para a P.R. depositando 46.000 votos no Sr.Coelho que em termos carismáticos e peso de votos já vale tanto como Vª Exª. Olhe à sua volta e veja a contestação através dos movimentos cívicos para a “Salvação da Baía”, movimento “Juntos pelo Madeira”, os comentários online no D.N e  redes sociais e aceite que o seu reinado chegou ao fim. “Arrume as botas” e, no conforto do seu lar, veja, através da TV, como é que os madeirenses irão “descalçar a bota” pelos seus erros de governação. Abandone a ideia de ser o U.I. e convença-se que a Madeira não é sua, é de todos os madeirenses e depois da sua passagem esta continuará com pessoas que talvez façam melhor do que Vª Exª fez.
Juvenal Rodrigues

Publicado no D. Notícias em 9.02.11