quarta-feira, 20 de julho de 2016

PAIXÕES INCONTRLÁVEIS

Paixões incontroláveis

Cheguei à simples conclusão que o Mundo gira à volta de paixões dogmas e paradigmas

 
Juvenal Rodrigues
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Numa recente madrugada de insónia, talvez porque a luz do luar de Junho teimava em entrar pelas persianas da janela, dei comigo a meditar em tudo o que nos rodeia. Foram tantas e tão dispares as ideias que deixei o aconchego dos lençóis para regista-las numa folha de word e partilha-las convosco. Desse turbilhão de ideias cheguei à simples conclusão que o Mundo gira à volta de paixões dogmas e paradigmas, origem de muitos dos males que flagelam a sociedade contemporânea.
Comecemos por um paradigma que vem de longe, o fanatismo religioso. Uns adoram o Corão e defendem-no apaixonadamente mesmo que para tal seja preciso fazer-se explodir em nome de Alá. A religião católica, no período da inquisição cometeu muitas atrocidades mas os católicos defendem-na cegamente em nome de Jesus Cristo. Os Hindus uma das religiões mais antigas (1400 a 1500 aC), entre milhões de deuses, veneram Brahma o seu deus principal e os chineses adoram Buda. O ser humano, desde sempre, idolatra figuras de barro, de ouro ou simples mortais e defende-os até à exaustão. Uns adoram jogadores de futebol como se fossem deuses outros adoram animais como se fossem os próprios filhos, outros veneram um partido político como se fosse um clube de futebol sem destrinçar quão distintas são as funções que estes ocupam na sociedade. Por empatia, boa figura ou simples desconhecimentos de causa elegem políticos incompetentes, ditadores e até alguns indiciados de corrupção.
Poderia falar de muitas paixões mas falarei do amor que um ser humano nutre por outrem, por ser uma paixão cega e irracional que leva ao suicídio, ao assassinato e à violência doméstica. Quando o ser humano defende uma causa apaixonadamente torna-se irracional e egoísta ao ponto de nem saber o que é melhor para si próprio. Então, perante tanta controvérsia e paixões tão antagónicas o que fazer? Quanta a mim seria teoricamente fácil mas de praticabilidade extremamente difícil. É apenas exigível uma pequena dose de raciocínio mas muita moderação e força de vontade. Quando defendemos, exacerbadamente, convicções – não passam disso mesmo- e extremamos posições irracionalmente nem nos apercebemos que estamos simplesmente a defender o nosso ponto de vista. Num mundo tão materialista e tão fanático, os que fazem o tal exercício mental apercebem-se de imediato quão ténue é a linha que separa o racional do irracional e é ai que precisamos da tal dose de moderação. O grande filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844/1900) escreveu uma frase que me parece cada vez mais atual;“a fé é ignorar tudo aquilo que é verdade”.Na contemporaneidade as paixões atingem o máximo do irracional quando as pessoas nem percebem que por trás de cada paixão existe sempre negócios de milhões. Cito, por exemplo, o futebol e uma igreja/seita de origem brasileira muito conhecida, cujo proprietário possui um grande património mundial que, à custa de uma pequena dízima e em troca de uma grande diarreia verbal, explora os incautos que pensam encontrar ali cura para todos os males.
É o “O vil metal”, tema que deu título a uma famosa obra de George Orwell, no seu apogeu a usar o ser humano e roubar-lhe a dignidade. Os pobres de espírito movem-se por paixões cegas enquanto os sem escrúpulos aproveitam-se delas e exploram-nas até à exaustão.
Antes de adormecer lembrei-me de outra forma de paixão; a fama, que torna a dignidade humana numa coisa abstrata para alimentar uma fogueira de vaidade. Muito(a)s serão capazes de vender o corpo aos terrácios e a alma ao diabo por um minuto de fama, essa coisa inócua e efémera que até já se adquire por parentesco, da qual apenas sabem que serve para serem conhecido(a)s mas...qual o seu valor intrínseco? Nem se apercebem que os famosos são apenas um produto manipulado pelos media que os colocam, ou tiram, do pedestal quando lhes apetece.
Foi neste mar de meditação, irresolvível mas mitigável, que adormeci quando a madrugada já se preparava para dar lugar a mais um dia de paixões incontroláveis.
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Comentários

Este espaço é destinado à construçăo de ideias e à expressăo de opiniăo.
Pretende-se um fórum construtivo e de reflexăo, năo um cenário de ataques aos pensamentos contrários.
...Acabado o "reinado" de A.J.J., resolveu tornar-se num repentino filosofo de meia-tigela, tudo porque ficou sem argumentos para a sua permanente maledicência doentia neste DN contra o dito, eis, a conclusão que também chegou o Povo "superior" que não é nada tonto...
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Este e muitos outros temas como estes, deveriam ser debatidos nos meios de comunicação audiovisual, fóruns, conferencias, salas de aulas, enfim, para que as pessoas possam emitir as suas opiniões. Infelizmente parece que não interessa que a grande maioria se interesse por temas desta dimensão, visto que a partir do debate as mentes estariam muito mais esclarecidas, e isso condiciona aquilo que a sociedade actual pretende pura e simplesmente, manipular as nossas mentes.Já não pensamos por nossas cabeças, somos pura e simplesmente levados a pensar aquilo que alguns querem e a quem muito poucos interessa. Quantas e quantas vezes dou por mim a pensar em tudo o que aqui foi exposto.
Parabéns pelo artigo e comparto em pleno a análise exposta no mesmo.
Eu no meu ponto de vista,diria que o mundo gira na cabeça da maior parte da humanidade,sob o lema dos interesses,a exemplo desta minha teoria,tivemos,temos e teremos muitas artimanhas neste mundo do faz de conta;pois desta feita traidora temos os falsos governos que tomaram a bússola errada dos destinos de Portugal,ou seja, colocaram os interesses pessoais acima das fragilidades que portugal vem acumulando ao longo de décadas,por estas más ingerências a nível de estado;analisando isto tudo, chego à conclusão que a Nação Portuguesa (foi roubada),por os governos de ontem, de hoje,e provavelmente do futuro que aí vem,pois se ninguém colocar um travão nisto,diria que o holocausto esta aí mesmo à porta.Alguém acha que os nossos governantes... estão a agir de boa-fé? Pois,eu acho que nao!! 'Porra' será que é só eu que acho estas jogadas de políticos e de politiquices? Gostaria que alguém se manifesta-se,relativamente a esta matéria? Nem que seja um daqueles que está na politica por interesses. Pois deve ser dessa qualidade de mafiosos que iram responder a este meu breve comentário! No entanto, aguardo com alguma serenidade!!
Tenho dito
Correção:
Onde se ler "iram",devemos ler correctamente (irão):do mesmo modo deve-se considerar o abreviamento da palavra incorrera "por" e substituindo-a (pelo)
Gostei muito deste artigo. Denota muita inteligência, percepção, sensibilidade, realismo, profundidade, reflexão...
E gostei também do "estilo" da escrita, vocabulário rico e bem empregue, figuras de estilo, adjectivação, "estilo" original, capacidade de síntese e, simultaneamente, de agradável leitura e simples.
Subscrevo esta visão sobre a vida humana, esta constatação. De facto, é assim: o homem é um ser racional que vive e actua irracionalmente.
Eu diria que para chegar a essa "simples conclusão"... o caminho que teve de percorrer de reflexão não foi nada simples! Nem qualquer pessoa chega a essa "simples conclusão"! :)
Até há quem, por paixão, diga cobras e lagartos do governo de Pedro Passos Coelho, esquecendo, POR PAIXÃO, que as medidas austeras que ele teve que tomar se deveram à (des)governação anterior do PS e do ladrão do Sócrates.
O sr. Juvenal Rodrigues conhece, por acaso, algum apaixonado desses???
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Pinto de Sousa foi um político desastroso, demagogo e provavelmente corrupto. Mas querer ver algum "rigor" na governação passista é puro whishful-thinking...
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Este comentário faz lembrar o "vendedor da banha da cobra"... porque tenta "aproveitar" parte do que é dito no texto para lhe dar outro sentido, manipulando as ideias...
A meu ver, ou não compreendeu absolutamente nada o texto do autor ou subestima a inteligência das outras pessoas...
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Concordo plenamente. Muito bem exposto. O Senhor Juvenal Rodrigues deve ser apaixonado pela escrita. Mas não devia dormir com o portátil. De tudo o que escreveu, o que me causa mais repúdio, são essas igrejas, "a indústria da exploração da ignorância". Esses "ladrões de mentes", fazem-me lembrar aqueles filmes de ficção científica - muito comuns - , em que um extraterrestre apodera-se da mente dos terrestres e começa a controla-los como marionetes. É lamentável não haver legislação para proteger as pessoas desses burlões. Não se trata de paixão, mas alucinação. Se temos leis que protegem a publicidade enganosa nos bens e serviços, porque se deixa essa gente enganar o povo desta maneira? Enganar o próprio Estado, ao não pagar impostos. Não são monitorizados. Podem financiar economias paralelas, lavar dinheiro, etc etc. Deixaram de queimar as bruxas e passaram a ser eles as bruxas. Achava bem voltar à altura da "inquisição/investigação"; acabar com esses "Reinos"; "Professores do bambu"; "Adoradores de Barro"; e devolver o dinheiro, o cérebro e a liberdade às pessoas.

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