quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

FALSOS PÚDICOS

 
A candidatura do Sr. José Manuel Coelho a Presidente da República revelou-se uma pedrada no charco na pacatez da sociedade madeirense e na amorfa política local. Em conversa de café ou roda de amigos os comentários são pouco abonatórios e esta candidatura é tida como insípida. Parece que anda muita gente envergonhada com a candidatura do Sr. Coelho e eu confesso que, por muito que procure, não vejo porquê. Poderá não ter o dr mas isso também não é sinónimo de competência. Quantos doutores andam por aí que não têm metade da coragem que ele teve ou quiçá a sua competência. Acho-o um homem de coragem e motivo de orgulho para os madeirenses e ficará na história por ser o primeiro e talvez único madeirense candidato a P.R. portuguesa. Confesso que não percebo o confrangimento dos meus conterrâneos uma vez que os madeirenses já passaram por embaraços maiores protagonizados por um personagem que representa a Madeira e os madeirenses cá dentro e lá fora. Por acaso o Sr. Coelho já apareceu vestido de rei zulu, num desfile de carnaval? Já apareceu em cuecas perante as câmaras da TV? Já proferiu atoardas contra “os maricas das forças armadas de Lisboa” nos seus discursos políticos? Já chamou de bastardos, aos jornalistas, para não lhes chamar de filhos da p...? já chamou a polícia para multar uma condutora em frente do edifício do G.R.? já apelidou a ALM de casa de loucos, bando de loucos e canalhas aos deputados? Já chamou tontos de mer.., gajos e defeco, para partidos da oposição? Já alguma vez exclamou: “vai chamar fascista à pu... que te par...”? já foi apelidado de “mestre do insulto” pelo jornal espanhol “El Mundo” ? já alguma vez disse: “agora o Chefe de Estado é travado por um polícia de mer...”? Como vêm caros concidadãos se fosse para sentir vergonha de alguém os madeirenses nunca mais levantariam a “cara do chão” e esse alguém não seria certamente o Sr. José Manuel Coelho, pessoa com quem nunca privei mas admiro pela sua coragem, cujos maiores “pecados” foi se atrever a usar a bandeira nazi na A.L.M e um relógio ao pescoço como forma de protesto contra uma maioria arrogante que manifesta o máximo desprezo pela oposição. Nunca ouvi o Sr. Coelho usar de linguagem brejeira ou fazer gestos obscenos por isso atrevo-me mesmo a dizer que se, entre os seis candidatos, a condição sine qua non fosse educação e honestidade o candidato Coelho ganharia as eleições porque aparentemente ainda não tem “pecados”. Peço que me desculpem os falsos pudicos madeirenses mas, ou andam distraídos ou, têm memória curta.

Juvenal Rodrigues

Publicado no D.Notícias em 20.01.11

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

GOLPE PALACIANO

Num ápice os madeirenses aperceberam-se que não estão a ser governados por um deus mas por um simples mortal igual a qualquer um de nós e entenderam, finalmente, que os cemitérios estão cheios de insubstituíveis. As listas feitas à pressa denotam um frenesim de um homem que não quer perder o controlo absoluto sobre tudo o que mexe na vida do partido laranja. Uma vez mais manda às urtigas os eternos “delfins”, submissos e agachados, que esperam, ordeira e pacientemente que o chefe lá, do altíssimo do seu pedestal, se digne apontar o dedo para um deles. Porém isso nunca acontece simplesmente porque o supremo chefe passou-lhes um compulsivo atestado de incompetência, renovável por 4 anos. Nunca aprendeu com os erros do passado porque o seu altíssimo ego não admite o erro. Ultimamente começou a ver “fantasmas” dentro do seu próprio partido para justificar a sua injustificável recandidatura (?). Já não é por causa daquela gente de Lisboa, ou da tenebrosa oposição que quer dar o empurrão final, na Madeira, para o abismo onde ele a colocou. Agora o discurso é mais ardiloso, indiciando uma espécie de golpe palaciano, levado a cabo pelo Dr. Miguel Albuquerque o homem que passaria a ser o mau da fita perante o próprio partido e aos olhos dos madeirenses mais distraídos. Todavia o “castelo do PSD-M” construído sobre areias movediças começa a desmoronar-se e por muito que o Sr. Jaime Ramos faça agora uma voz grossa para evitar o inevitável, sabe que os confrontos internos serão uma certeza e sabe também que se o Dr. Albuquerque tivesse coragem para enfrentar o chefe talvez já estivesse no seu lugar uma vez que é ele o único, além do chefe, que ainda tem algum capital político no eleitorado madeirense. O Dr Jardim na sua corrida desenfreada atrás do poder nem quis admitir que também é um comum mortal e que apesar de até querer mandar na natureza não consegue parar os ciclos da vida. Agora só pode optar por ficar em casa, longe da política, ou continuar no activo e assumir as consequências da sua opção. Por sua vez o PSD-M, porque sempre foi um “polvo” com uma só cabeça, corre agora o risco de ficar acéfalo e os seus tentáculos entrelaçarem uns nos outros. Os restantes membros da família “laranja” por viverem sempre encostados ao comodismo apenas usavam a cabeça para fazer vénias à passagem do grande líder e assim perderam legitimidade deixando-a para Miguel Albuquerque o homem que, embora tarde, ainda percebeu que afinal este líder é do tamanho dos outros, tem apenas a subtileza de confundir a população. Os madeirenses é que já começam a cansar-se de frases feitas, de arrogância e prepotência, o que me leva a pensar que, neste momento, o Dr. Jardim está tão frágil, interna e externamente, que qualquer coelho o fará tropeçar.

Juvenal Rodrigues.

Publicado no D.Notícias em 17.01.11