quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

QUE SE LIXE!




QUE SE LIXE!
Que se lixe a timidez. Que se lixe o comodismo. Que se lixe o preconceito. Que se lixe esta geração de governantes incompetentes e corruptos. As manifestações nunca me convenceram porque sempre pensei que se a vida social do país não corria bem era motivado pela conjuntura sócio económica  e não valia a pena perturbar o funcionamento das instituições. Também, erradamente, pensava que os eleitos e o Estado eram pessoas de bem e que teríamos que confiar em quem nos governa porque eles haveriam de nos conduzir no bom caminho. Reconheço hoje que me enganei profundamente. Reconheço que esta geração de governantes não merecem respeito, consideração ou desculpas porque são trapaceiros, incompetentes, manhosos, mentirosos e corruptos. Demonstraram, sem margem para dúvidas, que são eleitos para se governarem e não para governarem um país. Merecem todos os adjectivos depreciativos que se possa encontrar para classifica-los. Por isso vou participar novamente, dia 2 de março, na manifestação “que se lixe a troika. Participarei sempre que possa até que estes governantes dêem lugar a gente honesta e competente. Participarei sempre que um banqueiro reformado ganhe 167.000€/mês  ou um administrador duma empresa pública, deficitária, ganhe 240.000€/mês mesmo que se invoque esse chavão que são as regras de um mercado livre e competitivo. Está provado que uma riqueza mais equilibrada e melhor distribuída gera paz e desenvolvimento. Participarei enquanto não forem retiradas as mordomias imerecidas para um bando de incompetentes que nos governam, enquanto os idoso e as crianças passem fome e os trabalhadores - aqueles que ainda têm emprego- ganhem um salário miserável em relação a um assessor – emprego de afilhados-  com mais de 3.500€/mês ou enquanto um jovem formado nem tenha um emprego. Temos que correr com todos eles, custe o que custar, para as ilhas selvagens com uma ração de pão e água até perceberem a dimensão da sua incompetência e o mal que estão a fazer ao país. É urgente defender o futuro incerto dos nossos filhos e netos que daqui por algum tempo nem têm onde nascer e se nascerem terão uma condição de escravos perante o poder dos grandes “lobbys” económicos aliados aos governos corruptos. Sempre pensei que tudo era preferível a enfrentar uma anarquia mas hoje compreendo que esse tudo tem de ter limites. Ou os políticos arrepiam caminho imediatamente ou a   população é que terá que estabelecer uma nova ordem mais justa e mais igualitária. Os governantes não podem dizer apenas que os tribunais têm que provar aquilo de que são acusados, devem eles próprios provar e explicar aos eleitores que essas acusações são infundadas. Que se lixem todos os gananciosos e corruptos, Os cachorros enganados estão em maioria, logo, SOMOS NÓS QUEM MAIS ORDENA!

Juvenal Rodrigues

Publicado no DN Funchal em 27.2.13         

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

B P N O MAIOR ESCÂNDALO


BPN 
João Marcelino, diretor do D. N., Lx, considera que “é o maior escândalo financeiro da história de Portugal".

Isto é uma das maiores vergonhas de Portugal.
Tenho pena que os actuais dirigentes do PSD não se desmarquem
das ovelhas negras que protagonizaram este roubo, e que nada
façam para que a Justiça julgue e condene os responsáveis.
Quarta-feira, 21 de Março de 2012
BPN-A Maior Burla de Sempre em Portugal

Este número é demasiado grande para caber nos jornais (9.710.600.000,00€) !! !
Além disso, reparem bem, nos nomes dos protagonistas!!! Tudo “gente fina”, bem posicionada e intocáveis!!!
Parece anedota, mas é autêntico: dia 11 de abril do ano passado, um homem armado assaltou a dependência do Banco Português de Negócios, ou simplesmente BPN, na Portela de Sintra, arredores de Lisboa e levou 22 mil euros. Tratou-se de um assalto histórico: foi a primeira vez que o BPN foi assaltado por alguém que não fazia parte da administração do banco.
O BPN tem feito correr rios de tinta e ainda mais rios de dinheiro dos contribuintes.

Foi a maior burla de sempre em Portugal,qualquer coisa como 9.710.539.940,09 euros.
Com esses nove biliões e setecentos e dez milhões de euros, li algures, podiam-se comprar 48 aviões Airbus A380 (o maior avião comercial do mundo), 16 plantéis de futebol iguais ao do Real Madrid, construir 7 TGV de Lisboa a Gaia, 5 pontes sobre o Tejo ou distribuir 971 euros por cada um dos 10 milhões de portugueses residentes no território nacional (os 5 milhões que vivem no estrangeiro não seriam contemplados).

João Marcelino, diretor do Diário de Notícias, de Lisboa, considera que “é o maior escândalo
financeiro da história de Portugal. Nunca antes houve um roubo desta dimensão, “tapado” por uma nacionalização que já custou 2.400 milhões de euros delapidados algures entre gestores de fortunas privadas em Gibraltar, empresas do Brasil, offshores de Porto Rico, um oportuno banco de Cabo Verde e a voracidade de uma parte da classe política portuguesa que se aproveitou desta vergonha criada por figuras importantes daquilo que foi o cavaquismo na sua fase executiva”.
O diretor do DN conclui afirmando que este escândalo “é o exemplo máximo da promiscuidade dos decisores políticos e económicos portugueses nos últimos 20 anos e o emblema maior deste terceiro auxílio financeiro internacional em 35 anos de democracia. Justifica plenamente a pergunta que muitos portugueses fazem: se isto é assim à vista de todos, o que não irá por aí?”



O BPN foi criado em 1993 com a fusão das sociedades financeiras Soserfin e Norcrédito e era pertença da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que compreendia um universo de empresas transparentes e respeitando todos os requisitos legais, e mais de 90 nebulosas sociedades offshores sediadas em distantes paraísos fiscais como o BPN Cayman, que possibilitava fuga aos impostos e negociatas.

O BPN tornou-se conhecido como banco do PSD, proporcionando "colocações" para ex-ministros e secretários de Estado sociais-democratas. O homem forte do banco era José de Oliveira e Costa, que Cavaco Silva foi buscar em 1985 ao Banco de Portugal para ser secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e assumiu a presidência do BPN em 1998, depois de uma passagem pelo Banco Europeu de Investimentos e pelo Finibanco.

O braço direito de Oliveira e Costa era Manuel Dias Loureiro, ministro dos Assuntos Parlamentares e Administração Interna nos dois últimos governos de Cavaco Silva e que deve ser mesmo bom (até para fazer falcatruas é preciso talento!), entrou na política em 1992 com quarenta contos e agora tem mais de 400 milhões de euros.
Vêm depois os nomes de Daniel Sanches, outro ex-ministro da Administração Interna (no tempo de Santana Lopes) e que foi para o BPN pela mão de Dias Loureiro; de Rui Machete, presidente do Congresso do PSD e dos ex-ministros Amílcar Theias e Arlindo Carvalho.

Apesar desta constelação de bem pagos gestores, o BPN faliu. Em 2008, quando as coisas já cheiravam a esturro, Oliveira e Costa deixou a presidência alegando motivos de saúde, foi substituido por Miguel Cadilhe, ministro das Finanças do XI Governo de Cavaco Silva e que denunciou os crimes financeiros cometidos pelas gestões anteriores.
O resto da história é mais ou menos conhecido e terminou com o colapso do BPN, sua posterior nacionalização e descoberta de um prejuízo de 1,8 mil milhões de euros, que os contribuintes tiveram que suportar.
Que aconteceu ao dinheiro do BPN? Foi aplicado em bons e em maus negócios, multiplicou-se em muitas operações “suspeitas” que geraram lucros e que Oliveira e Costa dividiu generosamente pelos seus homens de confiança em prémios, ordenados, comissões e empréstimos bancários.
Não seria o primeiro nem o último banco a falir, mas o governo de Sócrates decidiu intervir e o BPN passou a fazer parte da Caixa Geral de Depósitos, um banco estatal liderado por Faria de Oliveira, outro ex-ministro de Cavaco e membro da comissão de honra da sua recandidatura presidencial, lado a lado com Norberto Rosa, ex-secretário de estado de Cavaco e também hoje na CGD.

Outro social-democrata com ligações ao banco é Duarte Lima, ex-líder parlamentar do PSD, que se mantém em prisão preventiva por envolvimento fraudulento com o BPN e também está acusado pela polícia brasileira do assassinato de Rosalina Ribeiro, companheira e uma das herdeiras do milionário Tomé Feteira. Em 2001 comprou a EMKA, uma das offshores do banco por três milhões de euros, tornando-se também accionista do BPN.
Em 31 de julho, o ministério das Finanças anunciou a venda do BPN, por 40 milhões de euros, ao BIC, banco angolano de Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos, e de Américo Amorim, que tinha sido o primeiro grande accionista do BPN.

O BIC é dirigido por Mira Amaral, que foi ministro nos três governos liderados por Cavaco Silva e
é o mais famoso pensionista de Portugal devido à reforma de 18.156 euros por mês que recebe
desde 2004, aos 56 anos, apenas por 18 meses como administrador da CGD.


O Estado português queria inicialmente 180 milhões de euros pelo BPN, mas o BIC acaba por
pagar 40 milhões (menos que a cláusula de rescisão de qualquer craque da bola) e os
contribuintes portugueses vão meter ainda mais 550 milhões de euros no banco, além dos 2,4 mil
milhões que já lá foram enterrados. O governo suportará também os encargos dos despedimentos de mais de metade dos actuais 1.580 trabalhadores (20 milhões de euros).
As relações de Cavaco Silva com antigos dirigentes do BPN foram muito criticadas pelos seus oponentes durante a última campanha das eleições presidenciais. Cavaco Silva defendeu-se dizendo que apenas tinha sido primeiro-ministro de um governo de que faziam parte alguns dos envolvidos neste escândalo. Mas os responsáveis pela maior fraude de sempre em Portugal nãoforam apenas colaboradores políticos do presidente, tiveram também negócios com ele.
Cavaco Silva também beneficiou da especulativa e usurária burla que levou o BPN à falência.

Em 2001, ele e a filha compraram (a 1 euro por acção, preço feito por Oliveira e Costa) 255.018 acções da SLN, o grupo detentor do BPN e, em 2003, venderam as acções com um lucro de 140%, mais de 350 mil euros.
Por outro lado, Cavaco Silva possui uma casa de férias na Aldeia da Coelha, Albufeira, onde é vizinho de Oliveira e Costa e alguns dos administradores que afundaram o BPN. O valor patrimonial da vivenda é de apenas 199. 469,69 euros e resultou de uma permuta efectuada em 1999 com uma empresa de construção civil de Fernando Fantasia, accionista do BPN e também seu vizinho no aldeamento.

Para alguns portugueses são muitas coincidências e alguns mais divertidos consideram que
Oliveira e Costa deve ser mesmo bom economista(!!!): Num ano fez as acções de Cavaco e da
filha quase triplicarem de valor e, como tal, poderá ser o ministro das Finanças (!!??) certo para
salvar Portugal na actual crise económica. Quem sabe, talvez Oliveira e Costa ainda venha a ser
condecorado em vez de ir parar à prisão....ah,ah,ah.

O julgamento do caso BPN já começou, mas os jornais pouco têm falado nisso. Há 15 arguidos,
acusados dos crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas nem
sequer se sentam no banco dos réus.

Os acusados pediram dispensa de estarem presentes em tribunal e o Ministério Público deferiu
os pedidos. Se tivessem roubado 900 euros, o mais certo era estarem atrás das grades, deram
descaminho a nove biliões e é um problema político.

Nos EUA, Bernard Madoff, autor de uma fraude de 65 biliões de dólares, já está a cumprir 150
anos de prisão, mas os 15 responsáveis pela falência do BPN estão a ser julgados por juízes
"condescendentes", vão apanhar talvez pena suspensa e ficam com o produto do roubo, já que
puseram todos os bens em nome dos filhos e netos ou pertencentes a empresas sediadas em paraísos fiscais.

Oliveira e Costa colocou as suas propriedades e contas bancárias em nome da mulher, de quem
entretanto se divorciou após 42 anos de casamento. Se estivéssemos nos EUA, provavelmente a
senhora teria de devolver o dinheiro que o marido ganhou em operações ilegais, mas no Portugal
dos brandos costumes talvez isso não aconteça.

Dias Loureiro também não tem bens em seu nome. Tem uma fortuna de 400 milhões de euros e o
valor máximo das suas contas bancárias são apenas cinco mil euros.

Não há dúvida que os protagonistas da fraude do BPN foram meticulosos, preveniram eventuais
consequências e seguiram a regra de Brecht: “Melhor do que roubar um banco é fundar um”.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

OS FISCAIS DO GOVERNO





OS FISCAIS DO GOVERNO

O “jornal de negócios” de 13.02.13 trazia uma noticia que, embora já nada nos surpreenda em matéria fiscal, deixa-nos no mínimo pensativos. Diz a notícia que quem não pedir fatura arrisca multa. E continuava esclarecendo que a alteração ao código do IVA decreta que as regras de faturação abrangem tanto as empresas como o consumidor final que incorre numa coima entre 75 a 2.000 €. Vamos por partes; o cidadão contribuinte além de pagar os altos impostos ainda tem que fazer de fiscal do Estado? Se não o fizer porque entende que poupará 23% sobre o valor que pagou ainda arrisca-se a pagar uma coima? Em termos práticos; se eu for, por exemplo, a uma oficina cujo valor da reparação seja 100€ sou obrigado  a exigir uma fatura pela qual pagarei mais 23€ -valor do IVA- o que perfaz um valor final de 123€. A isto chama-se ser masoquista à força. A isto chama-se usar e abusar descaradamente do cidadão de um país que não paga o que deve a fornecedores levando-os à falência, exige o IVA às empresas  sobre valores não cobrados, tem os impostos mais pesados da EU e como se tudo isto não bastasse ainda obriga o cidadão a trabalhar como fiscal do Estado e que em vez de receber por isso ainda paga mais 23%. Não sei se me perceberam porque na verdade é difícil de explicar e ainda mais difícil de perceber e aceitar. Sempre pugnei por cumprir com os meus deveres –os direitos já são poucos-  de cidadão mas quando o próprio Estado é o maior incumpridor convida os cidadãos ao incumprimento!
É a lei! Dirão. Mas, quanto a mim, injusta. Toda a população e até o Estado já entendeu que estes elevados impostos têm por objetivo único pagar dívidas, imediatamente, contraídas a longo prazo mesmo que isso arrase o país de lés-a-lés económico e socialmente criando cidades fantasmas e cidadãos desesperados sem emprego e sem pão para alimentar a família. As poucas empresas que vão restando e os cidadãos que ainda têm emprego com salários miseráveis são obrigados a sustentar um Governo que só sabe aumentar impostos. Senhor pior-Governo-que-Portugal-já-teve porque não tem coragem de experimentar outra fórmula para os impostos uma vez que esta, por muito que intimide o cidadão, não dará resultado? Por exemplo;  se os impostos fossem reduzidos para metade as empresas, o comércio e a indústria suportariam melhor a carga fiscal, não haveria tanto desemprego motivado por falências, todos os cidadãos teriam gosto em colaborar, o Estado arrecadaria mais receitas e não teria tanta despesa com o desemprego. Assim seria um incentivo para todas as empresas pagarem os seus impostos e eu considerava-me um cidadão motivado e não um estúpido masoquista  fiscal do Governo que paga mais 23% para pedir uma fatura.
P.S. Notícias recentes dão conta que ex-autarcas do CDS/PP mudam para o PSD-M.  Depois desse partido ter desgraçado a Madeira, só pode ser por amor ao “tacho” e nunca à sua terra.
Juvenal Rodrigues
Publicado no DN Funchal em 16.02.13    

ANA, grávida da nova Lisboa


Jornal de Negócios        2013.01.06
Daniel Deusdado


ANA, grávida da nova Lisboa
Ah, sim, o discurso de Cavaco. Talvez, talvez, depende, "eu avisei". Sempre tarde. Adiante. Falemos de coisas concretas e consumadas: o casamento da ANA, uma historieta que tem tudo para sair muito cara. Passo a explicar: a ANA geria os aeroportos com lucros fabulosos para o seu pai, Estado, que, entretanto falido, leiloou a filha ao melhor pretendente. Um francês de apelido Vinci, especialista em autoestradas e mais recentemente em aeroportos, pediu a nossa ANA em casamento. E o Estado entregou-a pela melhor maquia (três mil milhões de euros), tornando lícita a exploração deste monopólio a partir de uma base fabulosa: 47% de margem de exploração (EBITDA). O Governo rejubilou com o encaixe... Mas vejamos a coisa mais em pormenor. O grupo francês Vinci tem 37% da Lusoponte, uma PPP (parceria público-privada) constituída com a Mota-Engil e assente numa especialidade nacional: o monopólio (mais um) das travessias sobre o Tejo. Ora é por aqui que percebo por que consegue a Vinci pagar muito mais do que os concorrentes à ANA. As estimativas indicam que a mudança do aeroporto da Portela para Alcochete venha a gerar um tráfego de 50 mil veículos e camiões diários entre Lisboa e a nova cidade aeroportuária. É fazer as contas, como diria o outro... Mas isto só será lucro quando houver um novo aeroporto. Sabemos que a construção de Alcochete depende da saturação da Portela. Para o fazer, a Vinci tem a faca e o queijo na mão. Para começar pode, por exemplo, abrir as portas à Ryanair. No dia em que isso acontecer, a low-cost irlandesa deixa de fazer do Porto a principal porta de entrada, gerando um desequilíbrio turístico ainda mais acentuado a favor da capital. A Ryanair não vai manter 37 destinos em direção ao Porto se puder aterrar também em Lisboa. Portanto, num primeiro momento os franceses podem apostar em baixar as taxas para as low-cost e os incautos aplaudirão. Todavia, a prazo, gerarão a necessidade de um novo aeroporto através do aumento de passageiros. Quando isso acontecer, a Vinci (certamente com os seus amigos da Mota-Engil) monta um apetecível sindicato de construção (a sua especialidade) e financiamento (com bancos parceiros). A obra do século em Portugal. Bingo! O Estado português será certamente chamado a dar avais e a negociar com a União Europeia fundos estruturais para a nova cidade aeroportuária de Alcochete. Bingo! A Portela ficará livre para os interesses imobiliários ligados ao Bloco Central que sempre existiram para o local. Bingo! Mas isto não fica por aqui porque não se pode mudar um aeroporto para 50 quilómetros de distância da capital sem se levar o comboio até lá. Portanto, é preciso fazer-se uma ponte ferroviária para ligar Alcochete ao centro de Lisboa. E já agora, com tanto trânsito, outra para carros (ou em alternativa uma ponte apenas, rodoferroviária). Surge portanto e finalmente a prevista ponte Chelas-Barreiro (por onde, já agora, pode passar também o futuro TGV Lisboa-Madrid). Bingo! E, já agora: quem detém o monopólio e know-how das travessias do Tejo? Exatamente, a Lusoponte (Mota-Engil e Vinci). Que concorrerá à nova obra. Mas, mesmo que não ganhe, diz o contrato com o Estado, terá de ser indemnizada pela perda de receitas na Vasco da Gama e 25 de Abril por força da existência de uma nova ponte. Bingo! Um destes dias acordaremos, portanto, perante o facto consumado: o imperativo da
construção do novo grande aeroporto de Lisboa, em Alcochete, a indispensável terceira travessia sobre o Tejo, e a concentração de fundos europeus e financiamento neste colossal investimento na capital. O resto do país nada tem a ver com isto porque a decisão não é política, é privada, é o mercado... E far-se-á. Sem marcha-atrás porque o contrato agora assinado já o previa e todos gostamos muito de receber três mil milhões pela ANA, certo? O casamento resultará nisto: se correr bem, os franceses e grupos envolvidos ganham. Correndo mal, pagamos nós. Se ainda estivermos em Portugal, claro.

A história secreta da renúncia de Bento XVI


A história secreta da renúncia de Bento XVI
- Eduardo Febbro

Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do
banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita
renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de
complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de
tudo para defender sua facção. A hierarquia católica deixou uma imagem
terrível de seu processo de decomposição moral. O artigo é de Eduardo
Febbro, direto de Paris.
 Paris - Os especialistas em assuntos do Vaticano afirmam que o Papa
Bento XVI decidiu renunciar em março passado, depois de regressar de
sua viagem ao México e a Cuba.

Naquele momento, o papa, que encarna o que o diretor da École Pratique
des Hautes Études de Paris (Sorbonne), Philippe Portier, chama “uma
continuidade pesada” de seu predecessor, João Paulo II, descobriu em
um informe elaborado por um grupo de cardeais os abismos nada
espirituais nos quais a igreja havia caído: corrupção, finanças
obscuras, guerras fratricidas pelo poder, roubo massivo de documentos
secretos, luta entre facções, lavagem de dinheiro.

O Vaticano era um ninho de hienas enlouquecidas, um pugilato sem
limites nem moral alguma onde a cúria faminta de poder fomentava
delações, traições, artimanhas e operações de inteligência para manter
suas prerrogativas e privilégios a frente das instituições religiosas.

Muito longe do céu e muito perto dos pecados terrestres, sob o mandato
de Bento XVI o Vaticano foi um dos Estados mais obscuros do planeta.
Joseph Ratzinger teve o mérito de expor o imenso buraco negro dos
padres pedófilos, mas não o de modernizar a igreja ou as práticas
vaticanas.

Bento XVI foi, como assinala Philippe Portier, um continuador da obra
de João Paulo II: “desde 1981 seguiu o reino de seu predecessor
acompanhando vários textos importantes que redigiu:

·        a condenação das teologias da libertação dos anos 1984-1986;

·        o Evangelium vitae de 1995 a propósito da doutrina da igreja
sobre os temas da vida;

·        o Splendor veritas, um texto fundamental redigido a quatro
mãos com Wojtyla”.



Esses dois textos citados pelo especialista francês são um compêndio
prático da visão reacionária da igreja sobre as questões políticas,
sociais e científicas do mundo moderno.

O Monsenhor Georg Gänsweins, fiel secretário pessoal do papa desde
2003, tem em sua página web um lema muito paradoxal: junto ao escudo
de um dragão que simboliza a lealdade o lema diz “dar testemunho da
verdade”. Mas a verdade, no Vaticano, não é uma moeda corrente.

Depois do escândalo provocado pelo vazamento da correspondência
secreta do papa e das obscuras finanças do Vaticano, a cúria romana
agiu como faria qualquer Estado. Buscou mudar sua imagem com métodos
modernos.

Para isso contratou o jornalista estadunidense Greg Burke, membro da
Opus Dei e ex-integrante da agência Reuters, da revista Time e da
cadeia Fox. Burke tinha por missão melhorar a deteriorada imagem da
igreja. “Minha ideia é trazer luz”, disse Burke ao assumir o posto.
Muito tarde. Não há nada de claro na cúpula da igreja católica.

A divulgação dos documentos secretos do Vaticano orquestrada pelo
mordomo do papa, Paolo Gabriele, e muitas outras mãos invisíveis, foi
uma operação sabiamente montada cujos detalhes seguem sendo
misteriosos: operação contra o poderoso secretário de Estado, Tarcisio
Bertone, conspiração para empurrar Bento XVI à renúncia e colocar em
seu lugar um italiano na tentativa de frear a luta interna em curso e
a avalanche de segredos, os vatileaks fizeram afundar a tarefa de
limpeza confiada a Greg Burke. Um inferno de paredes pintadas com
anjos não é fácil de redesenhar.

Bento XVI acabou enrolado pelas contradições que ele mesmo suscitou.
Estas são tais que, uma vez tornada pública sua renúncia, os
tradicionalistas da Fraternidade de São Pio X, fundada pelo Monsenhor
Lefebvre, saudaram a figura do Papa.

Não é para menos: uma das primeiras missões que Ratzinger empreendeu
consistiu em suprimir as sanções canônicas adotadas contra os
partidários fascistóides e ultrarreacionários do Mosenhor Levebvre e,
por conseguinte, legitimar no seio da igreja essa corrente retrógada
que, de Pinochet a Videla, apoiou quase todas as ditaduras de
ultradireita do mundo.

Bento XVI não foi o sumo pontífice da luz que seus retratistas se
empenham em pintar, mas sim o contrário. Philippe Portier assinala a
respeito que o papa “se deixou engolir pela opacidade que se instalou
sob seu reinado”. E a primeira delas não é doutrinária, mas sim
financeira.

O Vaticano é um tenebroso gestor de dinheiro e muitas das querelas que
surgiram no último ano têm a ver com as finanças, as contas maquiadas
e o dinheiro dissimulado. Esta é a herança financeira deixada por João
Paulo II, que, para muitos especialistas, explica a crise atual.

Em setembro de 2009, Ratzinger nomeou o banqueiro Ettore Gotti
Tedeschi para o posto de presidente do Instituto para as Obras de
Religião (IOR), o banco do Vaticano.

Próximo à Opus Deis, representante do Banco Santander na Itália desde
1992, Gotti Tedeschi participou da preparação da encíclica social e
econômica Caritas in veritate, publicada pelo papa Bento XVI em julho
passado. A encíclica exige mais justiça social e propõe regras mais
transparentes para o sistema financeiro mundial. Tedeschi teve como
objetivo ordenar as turvas águas das finanças do Vaticano.

As contas da Santa Sé são um labirinto de corrupção e lavagem de
dinheiro cujas origens mais conhecidas remontam ao final dos anos 80,
quando a justiça italiana emitiu uma ordem de prisão contra o
arcebispo norteamericano Paul Marcinkus, o chamado “banqueiro de
Deus”, presidente do IOR e máximo responsável pelos investimentos do
Vaticano na época.

João Paulo II usou o argumento da soberania territorial do Vaticano
para evitar a prisão e salvá-lo da cadeia. Não é de se estranhar, pois
devia muito a ele. Nos anos 70, Marcinkus havia passado dinheiro “não
contabilizado” do IOR para as contas do sindicato polonês
Solidariedade, algo que Karol Wojtyla não esqueceu jamais.

Marcinkus terminou seus dias jogando golfe em Phoenix, em meio a um
gigantesco buraco negro de perdas e investimentos mafiosos, além de
vários cadáveres.

No dia 18 de junho de 1982 apareceu um cadáver enforcado na ponte de
Blackfriars, em Londres. O corpo era de Roberto Calvi, presidente do
Banco Ambrosiano. Seu aparente suicídio expôs uma imensa trama de
corrupção que incluía, além do Banco Ambrosiano, a loja maçônica
Propaganda 2 (mais conhecida como P-2), dirigida por Licio Gelli e o
próprio IOR de Marcinkus.

Ettore Gotti Tedeschi recebeu uma missão quase impossível e só
permaneceu três anos a frente do IOR. Ele foi demitido de forma
fulminante em 2012 por supostas “irregularidades” em sua gestão.

Tedeschi saiu do banco poucas horas depois da detenção do mordomo do
Papa, justamente no momento em que o Vaticano estava sendo investigado
por suposta violação das normas contra a lavagem de dinheiro.

Na verdade, a expulsão de Tedeschi constitui outro episódio da guerra
entre facções no Vaticano. Quando assumiu seu posto, Tedeschi começou
a elaborar um informe secreto onde registrou o que foi descobrindo:
contas secretas onde se escondia dinheiro sujo de “políticos,
intermediários, construtores e altos funcionários do Estado”. Até
Matteo Messina Dernaro, o novo chefe da Cosa Nostra, tinha seu
dinheiro depositado no IOR por meio de laranjas.

Aí começou o infortúnio de Tedeschi. Quem conhece bem o Vaticano diz
que o banqueiro amigo do papa foi vítima de um complô armado por
conselheiros do banco com o respaldo do secretário de Estado,
Monsenhor Bertone, um inimigo pessoal de Tedeschi e responsável pela
comissão de cardeais que fiscaliza o funcionamento do banco. Sua
destituição veio acompanhada pela difusão de um “documento” que o
vinculava ao vazamento de documentos roubados do papa.

Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do
banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita
renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de
complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de
tudo para defender sua facção.


A hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de
decomposição moral. Nada muito diferente do mundo no qual vivemos:
corrupção, capitalismo suicida, proteção de privilegiados, circuitos
de poder que se autoalimentam, o Vaticano não é mais do que um reflexo
pontual e decadente da própria decadência do sistema.

Tradução: Katarina Peixoto

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

DOCE OU TENEBROSO ROMANCE?




Doce ou tenebroso romance?

Diz o Povo e tem razão; há razões que a razão desconhece! Os antigos e recentes episódios protagonizados pelo controverso deputado Jaime Ramos, é a prova dos nove de tal provérbio. Quando meio partido do PSD-M foi marginalizado pelo chefe por ter optado por Miguel Albuquerque. Quando os militantes são perseguidos e ameaçados pelo mesmo “pecado”. Quando Costa Neves é expulso por manifestar a sua opinião, fosse como militante, simples cidadão ou na qualidade de vereador da CMF, porque será que nada acontece a Jaime Ramos que tem deixado o partido com uma péssima imagem na praça pública pelos seus intragáveis arrufos de mau humor, falta de educação e duvidosa qualidade política? Como consegue este senhor passar incólume aos castigos (nem uma simples repreensão) do todo-poderoso líder do partido, que nunca demonstrou a mínima coragem para aplicar os mesmos corretivos que aplica aos outros?  Este senhor deputado que pelos seus atos e palavras se manifesta indigno de ocupar uma cadeira de uma instituição democrática como seria suposto ser a ALM e que tem produzido, a par de Jardim, uma péssima imagem da Madeira como se pode dar ao luxo de até dirigir os mais significativos impropérios ao vice presidente da Assembleia e colega de partido e não lhe ser instaurado, também a ele, um processo disciplinar? Onde está o presidente da Assembleia que, por menos, usou a sua douta autoridade para mandou retirar do hemiciclo o deputado Coelho? Certamente não é pelos seus valores intelectuais, académicos, políticos ou democráticos do sr J.Ramos! Como diz o povo entre aqueles dois parece haver “rabos de palha”. Jardim acovarda-se politicamente perante um só homem quando já desafiou  a madeira inteira, ameaçou fazer uma guerra enviando as nossas canoas contra a  armada portuguesa e até, espalhafatosamente, desafiou a U.E. Embora fosse apenas para inglês ver a verdade é que pretendeu dar um sinal de autoridade que, como se vê, nunca teve. Parece que um tenebroso ou doce romance envolve aqueles dois personagens que assinaram um estranho pacto de não agressão. Já oiço zurzir nos meus ouvidos que não tenho nada a ver com isso. É verdade mas que faz desconfiar isso faz e não só a mim! A população já se vai habituando a surpresas que cada vez se tornam mais frequentes e prometem futuramente muitos mais episódios. Apenas espero que os pacíficos madeirenses aprendam a lição e votem em pessoas dignas para representa-los e para governar a nossa terra.
Juvenal Rodrigues 
Publicado no DN Funchal em 01.02.13 nas "cartas do leitor"