Mobilidade, subsídios e assimetrias

Reparem que mudam os Governantes mas os políticos são os mesmos e as acusações são as mesmas

 
Juvenal Rodrigues, Deputado municipal
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Esta novela chamada mobilidade parece não ter fim. Esta não o terá enquanto este país apenas sobreviver à base de subsídios, seja para a mobilidade, para as pescas para a agricultura e até para o desporto, tudo isto imposto por um mercado livre e selvagem com controlo absoluto, dos “lobbys” financeiros, sobre a economia e sobre os Governos. Analisemos sem subterfúgios o caso concreto dos transportes aéreos, de e para a Madeira. Por muitas negociações entre Governo Regional, Governo da República e companhias aéreas, essas nunca agradarão a ninguém devido às assimetrias verificadas nos preços das viagens. Como o mercado é livre as companhias praticam os preços que lhes apetece, onde uma passagem para o continente poderá variar entre 39€ ou 600€. Por muitas explicações que nos dêem os administradores da TAP, Easyjet ou Transávia nunca conseguirão justificar esta estúpida disparidade de preços. O percurso é o mesmo, os aviões são os mesmos, o consumo de combustível é o mesmo (até têm descido de preço) mas como a ganância não tem limite vem a desculpa esfarrapada que os computadores estão programados para determinarem os preços conforme as épocas; deixem-me usar esta expressão: “ganda treta”! Então quem introduz os dados nos computadores? Porque não recorrem a aviões maiores nas épocas altas? Já nem sequer nos vale a lei da concorrência para combater a lei do mercado livre uma vez que estas companhias funcionam como um cartel, quando uma aumenta as outras também. Os Governos até poderão ter boa vontade mas irão sempre contra aquela parede dos “lobby s” que os políticos apadrinharam e agora não conseguem livrar-se deles. Poderão rotular-me de comunista mas não concordo com as atuais regras dum mercado livre, selvagem e corrupto que, contrariamente aquilo a que se propõe, acaba por estrangular uma débil economia dependente dos seus próprios empréstimos. Aliás o próprio G20 -grupo dos países mais ricos e desenvolvidos- em reunião de 16.11.15 reconheceram que a crescente desigualdade social é motivo de preocupação podendo futuramente colocar em risco a coesão social e as perspetivas de crescimento da OMC. Este reconhecimento leva-nos a concluir que esta terrível austeridade não tem que ser uma fatalidade mas sim uma imposição movida pela conjuntura traçada para altos objetivos que aumenta a fortuna dos mais ricos e paralelamente aumenta o contingente de pobres. Como se não bastasse molda-se uma sociedade para profundas desigualdades onde alguns poderão ganhar 100 mil euros/mês e outros apenas 485 € Temos assim as condições ideais para a degradação social, a corrupção e promiscuidade entre poder político e financeiro, originando as guerras e os atentados terroristas que os Estados agora querem travar e já não conseguem. Ainda na mesma sequência o Mundo e em particular a Europa enfrentam agora o êxodo de 60 milhões de fugitivos (contabilizados em finais de novembro de 2015) dos conflitos que os Governos ajudaram a criar. Se me é permitido a analogia vejo a Europa como aqueles barcos de borracha que transportam refugiados; vai enchendo até um dia ir ao fundo e o pior é que nem se vislumbra o fim deste insanável problema. Se eu estiver exagerando alertem-me e dormirei mais descansado!
Apenas uma nota para o novo Governo de Portugal. São os painéis de “opinion makers”, são os partidos, são os comentadores de circunstância, todos procuram defender a sua dama ou ideologia de direita ou esquerda quando apenas deveriam discutir o essencial e não divagar sobre o acessório. Saber que na atual conjuntura político/económica já nem interessa se o Governo é de esquerda ou direita mas se tem pessoas capazes de negociar com o FMI afim de melhorar, um pouco, as condições de vida dos portugueses. Reparem que mudam os Governantes mas os políticos são os mesmos e as acusações são as mesmas apenas trocaram de cadeiras e o povo fica no meio sempre a apanhar cacetada. Acredito que este país já não pode descer mais fundo mas se isto não melhorar “fechem a porta” e deitem a chave fora.
Aproxima-se a quadra que tem o condão de nos fazer esquecer as agruras da vida. Desejo um feliz natal ao DN, a todos os seus colaboradores e aos leitores que me motivam a escrever estas linhas.