sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

A FESTA AOS OLHOS DE UM PETIZ



A Festa aos olhos de um petiz

À data de 29 de Dezembro não havia a preocupação de preparar o réveillon num hotel de 5 estrelas, apenas era aguardada a noite dos Reis

29 DEZ 2017 / 02:00 H.
Por entre as frestas de uma porta envelhecida pelo tempo, a luz da lua espreitava um quadro de outro natal, de uma família humilde mas feliz na sua simplicidade e na pacatez e sossego de uma modesta casa no campo, num sítio de onde não se via o reboliço e o consumismo da cidade. Num recanto do amplo compartimento que servia de sala de estar e jantar, uma abobada composta por ramos de pinheiro bravo dos quais pendiam balões, constituía o abrigo do Menino Jesus que, lá do alto da “escadinha”e sob uma auréola de alegra-campo e enfeitada com pequenas tangerinas, laranjas, pêros,“cabrinhas” da rocha e pequenos vasos de searas em crescimento, preenchiam os degraus da lapinha forrada com papel vermelho a condizer com a época. A mão erguida do Menino com o dedo médio e o indicador em forma de V parecia abençoar aquele peculiar quadro familiar de paz, sossego e amor. A luz ténue de um candeeiro a petróleo sobre uma pequena mesa no meio da sala irradiava algum calor, porém, insuficiente para aquecer todos os membros da família que se aconchegavam uns aos outros transmitindo calor humano e coragem quando lá fora o rugido das rajadas do vento gélido se faziam sentir naquela noite de Dezembro e teimava em entrar pelas frestas da porta e de uma mini janela que dava para o terreiro.
As mulheres, avó, filhas e nora impedidas de sair à rua, bordavam no meio da sala fazendo um esforço para enfiar a linha na agulha dada a parca luz que o candeeiro irradiava em parte devido ao fumo do petróleo que ofuscava o vidro. O pai, um dos nove irmãos que havia concluído o exame de 4ª classe, sentado em cima de uma velha arca, também esforçava a vista para ler um dos 52 volumes do romance “a Mãezinha dos pobres”, publicado quinzenalmente, o qual até avô e tios embevecidos ouviam em silêncio e acompanhavam, quase diariamente, como se fosse um folhetim através de um rádio que não existia. Quando alguém emitia apenas um sussurro, mesmo que ao ouvido, logo era admoestado pelo avô, sentado na sua cadeira de vime no canto da sala onde fumava um cigarro “santa maria”, e não queria perder pitada do episódio que estava a ser relatado.
Num dos barrotes de madeira arqueados pelo tempo e pelo peso do soalho de um compartimento superior, que por sua vez suportava a cobertura de restolho da habitação onde os irmãos dormiam, encontravam-se pendurados os instrumentos musicais que iriam alegrar a Festa. A viola de arame, a guitarra de fado, a rabeca, a gaita-de-beiços, o acordeão, o pandeiro, o bombo, o rajão o pandeiro e o braguinha iriam sair do sítio para as mãos de um grupo constituído pelos tios e amigos que percorriam as casas dos vizinhos os quais eram recebidos efusivamente, qual banda de rock, porque eram eles que tocando e cantando, lembravam o encanto e o espírito do natal. Na 1ª oitava vamos ao sítio do Janeiro a casa da tia Carolina! aventava um, para logo o outro entusiasmado exclamar; e na 2ª oitava vamos ao sítio da Terça a casa da prima Bernardete! Os instrumentos alegravam as missas do parto, iriam alegrar a véspera, o dia de natal, as oitavas, a Festa dos reis e só seriam guardados após a festa do Santo Amaro.
Na antevéspera a avó amassava o pão e deixava levedar para na véspera leva-lo ao forno de lenha de uma tosca cozinha e consumir no dia de Festa o qual, mesmo endurecidos, sobrava ainda para os dias seguintes porque não havia um “shop” por perto onde fosse comprar pão fresco. Na noite da consoada servia-se uma saborosa canja de galinha velha e no dia de Natal pela manhã uma fatia de pão com torresmos e cacau (então iguaria de luxo) comprado à grama na venda do Moinheiro ou do Vasconcelos. A carne de vinha-d’alho, proveniente da função do porco - apenas na casa dos mais abastados- acompanhada com batata doce, semilha e feijão cultivados na própria fazenda era o repasto para o almoço do dia de Festa.
Um petiz de cinco anos aconchegado ao colo da tia, enquanto a mãe bordava, memorizava sem saber, esta aguarela que recordaria ao longo da vida e resistia estoicamente ao sono que o invadia já que não queria perder o momento único de colocar o sapatinho na lareira da cozinha, contigua à casa, cujo acesso só era possível pela rua e ninguém tinha coragem para deitar o nariz fora da porta e enfrentar o frio agreste. Por muito que custasse o pai determinado embrulhou o filho numa manta e levou-o à lareira onde a criança, finalmente, colocou o sapatinho não fosse o Pai Natal descer pela chaminé e não encontrasse algo onde depositar o brinquedo porque as crianças de outros natais ainda acreditavam piamente na vinda do velhinho barbudo. A noite mal dormida era interminável dada a ânsia de logo pela manhã ir à lareira espreitar o presente com o homem das barbas brancas e fato vermelho o havia contemplado. Não eram presentes de luxo – os tabletes, os telemóveis e os drones viriam mais tarde- era apenas um carrinho de plástico, réplica do wokswagen carocha, e um ioiô mas era suficiente para trazer enorme felicidade, magia e encanto aquela criança que viveu outra época na qual os pais modernos não lhe roubavam a fantasia.
À data de 29 de Dezembro não havia a preocupação de preparar o réveillon num hotel de 5 estrelas, apenas era aguardada a noite dos Reis para calcorrear novamente veredas e leito das ribeiras empunhando um “cezico” (recipiente com petróleo e torcida) que iluminava a negra noite e, cantando as janeiras, lá iam de casa em casa a troco de mais um copo e um “dentinho” que ficara do “faustoso” dia de Festa. Saudades de natais que não voltam mais porque a sociedade de hoje rege-se por outros padrões de felicidade esquecendo de preservar as nossas saudáveis culturas tradicionais e transmiti-las aos nossos petizes.
Um próspero ano novo e, parafraseando um amigo meu; façam o favor de ser felizes

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

UM CHARTER DE INTERROGAÇÕES

Antes de mais felicito os cerca de 50 jovens estudantes (veio algum do Porto?) mesmo com o atabalhoado fretamento do charter PT9117 tiveram a felicidade de passar o Natal junto das suas famílias. Como pai também já senti na pele quanto custa ter um(a) filho(a) a estudar no Continente. Todavia gostaria que todos, madeirenses e G.Regional, tirássemos as devidas ilações, para memória futura, já que este charter veio com metade da lotação mas cheio de interrogações. Operações de charme de última de hora e feita sobre o joelho dão sempre mau resultado. Já prometi que jamais deixaria de falar e só me calarei quando a TAP passar a praticar preços justos para não precisarmos destes remendos. A história da mobilidade já tem barbas mas as solução mas as soluções morrem à nascença e entretanto andamos a correr atrás do prejuízo com operações de recurso e confusas de última hora. Senão vejamos: este fretamento custou 30.000€ o que dividido por 170 lugares custaria, sem subsídio, 176€ por cada passageiro daí não se compreender como é que a TAP faz preços para a Alemanha ou Inglaterra a 39 €. Ou a TAP perde dinheiro para esses destinos o que para a Madeira é “proibido” ou mais uma vez estamos perante a estúpida exploração nas passagens dos madeirenses que mesmo com recurso a avião fretado, pagam sempre mais caro. Mesmo assim parece que o GR e a TAP deram um doce aos “coitadinhos” dos estudantes. Também não se compreende que para completar os lugar vazios, vende-se bilhetes, apenas de regresso. A questão é; o preço que os passageiros irão pagar será 32.50€ por uma ida ou pagarão 65€, preço estabelecido para ida e volta? Certamente chamar-me-ão abelhudo por estar a fazer contas à vida alheia mas estas interrogações são pertinentes uma vez que casos destes acontecerão no futuro pelo menos enquanto não se resolver o eterno problema da mobilidade. O dinheiro não cai do céu também não sai dos bolsos de nenhum governante, é fruto dos pesados impostos que pagamos e por isso não pode ser para operações de cosmética e gáudio de governantes que, para ficar bem na fotografia, fazem negociações inconsequentes apenas para mostrar que cumprem promessas como por exemplo a operação ferry novamente cheio de interrogações e custe quanto custar (a quem?) estará na Madeira no verão de 2018. Nisso falaremos mais tarde. Feliz natal
Juvenal Rodrigues

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O ENIGMA DO SR SECRETÁRIO

As declarações do Dr. Pedro Calado no programa da RTP-M, “Em entrevista” na passada sexta-feira, 8.12.17, deixaram-me boquiaberto. O Sr Vice-presidente chegou ao Governo a um mês e meio e parecia já ter resolvido os problemas pendentes que a Madeira tinha. No desenrolar da entrevista vi que afinal não resolveu coisa nenhuma e apenas entrou em pré-campanha eleitoral para 2019. Trouxe novamente um rol de promessas e ainda acrescentou um enigma. A uma pergunta do Jornalista sobre o subsídio de mobilidade respondeu que a culpa do imbróglio não era da TAP nem da República nem dos madeirenses mas não podia revelar ainda de quem era. Será de D. Sebastião? Relevou o charter para os estudantes neste Natal como se fosse um grande feito do G.R. Certamente que os estudantes impossibilitados, por culpa do seu Governo, de passarem a Festa em família, agradecem mas isto, além de não resolver coisa nenhuma, cria duas injustiças e uma questão. 1- Que dirão os pais que já tinham desembolsado enormes quantias para os filhos virem cá ?
2- Parece-me que o charter foi apenas para os estudantes de Lisboa e esqueceu os do Porto. A questão: Porque não foi esta medida implementada antes como quando fretavam aviões para os jogadores? Depois esqueceu-se que todas as coisa boas e más que aconteceram na Madeira foi obra do seu Governo e dos governos anteriores do PSD-M mas preferiu, novamente, fazer campanha dizendo que todas as culpas eram dos deputados da oposição, da Madeira, na A. da República. Ó Sr. Secretário então esqueceu que tanto o Hospital novo, o Ferry e os transportes foram varias vezes abordados e negociados pelo líder do PS-M, Carlos Pereira que, por influência ou não, do Governo Central ser do PS, ainda se fez ouvir na AR e encetou várias negociações com os Ministros da República? Não fora o Dr. Carlos Pereira ter levado o dossier Hospital para a AR talvez este ainda estivesse encravado no meio das bananeiras das expropriações. Quanto aos betinhos deputados do PSD-M na AR, sabe de alguma coisa que eles fizessem sem ser dizer asneiras? Aprenderam na escola do seu “querido líder” e não sabem dizer outra coisa que não seja deitar as culpas para a República e dizer mal dos deputados da Madeira. Por fim, espero que a alienação das quotas nas PPP’s, que VªExª acerrimamente defende, não sejam apenas para mostrar trabalho e pagar os custos do Ferry que afirma vir para a Madeira no verão de 2018 custe o que custar.
Juvenal Rodrigues

terça-feira, 28 de novembro de 2017

E ASSIM VAI O MUNDO

E assim vai o Mundo

O padre Giselo ficou com uma criança nos braços (é melhor filhos que sobrinhos)

28 NOV 2017 / 02:00 H.
Mal abrimos os olhos para a vida começa o nosso calvário. São as maleitas de criança, os dissabores escolares, a formação, as desilusões de amor, a falta de emprego, a preocupação com os filhos e as preocupações familiares. Chegamos a velhos olhamos para trás e percebemos que nos esquecemos de viver a nossa própria vida. É este o nosso Mundo composto de assimetrias que perduram nos tempos.
Lutamos e morremos por liberdade ilusória que nos foge a cada dia que passa.
Desde um Mundo vigiado por satélites espiões, cidades vigiadas com receio do terrorismo, um planeta refém da poluição, escutas telefónicas, leis que nos oprimem ao ponto de não podermos chamar preto a um preto ou proibição de entrarmos nas cidades com um carro velho porque não temos capacidade financeira para comprar novo. Resta-nos, por enquanto, a liberdade de expressão.
Pobres ou ricos, continuamos reféns do vil metal que corrompe, promove guerras, cobiça, morte e destruição nas mãos de estupidamente ricos que se dão ao luxo de comprar um quadro de Leonardo da Vinci por 380 milhões de euros enquanto outros nem ganham 380€ para alimentar a família. Nem todos poderemos ser ricos mas tanta desigualdade enoja e revolta.
Os Bancos usam e abusam,impunemente, impondo-nos taxas e “taxinhas” sem que haja alguém que ponha termo a esta roubalheira. Já custa muitos euros para ter o dinheiro no banco!
O novo presidente de Angola, João Lourenço, entre tantas exonerações e cancelamentos de contratos públicos declara “guerra” aos poderosos e impede o clã família Santos de assumir cargos públicos talvez porque, tal como outros, não acredita que Isabel dos Santos conseguisse fazer tamanha fortuna a vender ovos. Será que Eduardo Santos fez declaração de rendimentos quando entrou para o poder e quando saiu? As autoridades angolanas questionaram-no acerca da imensa fortuna adquirida em 38 anos no poder? Resta saber se João Lourenço acabará com a alta corrupção em Angola ou será uma cópia reles do seu antecessor.
Nicolas Maduro, tartufo ganancioso pelo poder, lá conseguiu implantar a sua ditadura na Venezuela, afundando cada vez mais o país com as terríveis consequências para a população e fomentando o êxodo dos emigrantes. Ortesa Días, agora no exílio, já pediu a prisão para Maduro por crimes contra a humanidade mas ele, como todos os ditadores, tem costas largas e só deixa a cadeira quando acontecer uma guerra civil.
Em Espanha, Puigdemont sedento de protagonismo e mesmo ciente que o “Sim” nas urnas não ultrapassaria os 25 ou 30% criou um “fait divers” político à volta da independência porque sabe que a Constituição espanhola não o permite. Isto sem falar das consequências negativas para a Catalunha.
Portugal enfrenta agora uma enorme onda de greves que nem se verificava no tempo do aperto da “Troica”. De repente as classes trabalhadores querem que António Costa abra os cordões á bolsa reivindicando, os descongelamentos de carreira que P. Coelho lhes havia congelado. Não obstante, convém não esticar muito a corda!
A TAP, com o habitual descaramento, diz que não está disposta a financiar a mobilidade dos residentes na Madeira. Mas como é que vai financiar se os 86€ cobrados, na hora, ao passageiro já cobrem os custos da viagem? A questão é que se habituaram à mama e já nem querem esperar 2 ou 3 meses para receber o “bonus” (subsídio) pago pelo Governo. As outras operadoras seguem-lhe as peugadas alegando,constantemente, que os preços sobem por falta de lugares mas não se vê nenhuma outra companhia a interessar-se pela linha nem as que estão operam com aviões maior que poderia levar quase o dobro dos passageiros (?) De que serviu a Madeira gastar uma fortuna para ampliar um aeroporto que só recebe aviões pequenos? Vejam se arranjam uma desculpa cabal!
Para consumo interno temos o vice presidente do Governo, Pedro Calado, a prometer tudo fazer para baixar a carga fiscal das empresas. Concordo, mas não o vi preocupado em baixar a carga fiscal dos contribuintes. Enquanto isto, o presidente do Governo, M.Albuquerque, desapareceu de cena e apenas posa para a fotografia em terras do Free State onde, segundo consta, até seguiu na sua comitiva um empresário madeirense falido, com insolvências a decorrer em tribunal, exactamente por negócios (mal) feitos com emigrantes da Africa do Sul.
A disputa entre o líder do PS-M, Carlos Pereira e Paulo Cafôfo, obrigará Emanuel Câmara a pegar novamente no apito para arbitrar este jogo. Será preciso vídeo-arbitro?
O padre Giselo ficou com uma criança nos braços (é melhor filhos que sobrinhos) e a Igreja ficou com uma batata quente nas mãos porque se condenar o padre por incumprimento do celibato ninguém compreenderá que os homossexuais e pedófilos, que proliferam no seio da Igreja, fiquem impunes. A Igreja ultra-conservadora, para mal dos seus pecados, nega-se,teimosamente,a acompanhar a evolução dos tempos!E ASSIM VAI O MUNDO

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O DESMORONAR DO IMPÉRIO

O desmoronar do império

Será Pedro Calado o salvador ou

26 OUT 2017 / 02:00 H.
Definitivamente, o tristemente famoso império ditatorial que o PSD-M criou à custa de artimanhas, conluio, e trapaças chegou ao fim, acabou! E ainda bem porque regimes com 37 anos, só em ditadura ou fascismo. A alternância pode, por vezes causar dissabores mas é indubitavelmente mais justa. A partir das autárquicas de 2013 os direitos e garantias na Madeira já não são só para quem tem cartão laranja. A população acordou da letargia em que mergulhara, manipulada por aqueles mitómanos pseudo importantes que apenas conviviam com o povo 15 dias antes das eleições mas depois olhavam-nos de soslaio, com desprezo e arrogância. Os eleitores amadureceram e hoje o PSD-M passou a mendigar votos em vez de compra-los com vinho seco e espetada.
O dr. Jardim, timoneiro de um barco que meteu água durante 37 anos sem ele sequer se aperceber, vem, no rescaldo das Autárquicas de 1 de Outubro, pedir a cabeça dos responsáveis pela derrota do PSD sem lembrar que foi ainda no tempo dele que a infernal máquina laranja começou a emperrar e perdeu, de uma assentada, 5 Câmaras. Agora os madeirenses voltaram a mostrar que não cairão novamente no “conto do vigário” ao confiar novamente o destino da sua cidade ou da sua freguesia àqueles que demonstraram governar para as pessoas e não se servir delas. Compreenderam que voltar à era psd seria suicídio político, seria voltar ao confronto sem regras, ao desrespeito pela ALM, à provocação, à prepotência e à dívida escondida. Perceberam que não vivemos apenas do betão e do alcatrão e que os cuidados de saúde, da educação e da justiça social, são os pilares fundamentais do nosso bem-estar. Desde Outubro de 2013 começaram a perceber o verdadeiro significado do poder local, onde se elege os presidentes de Câmara e das Juntas de Freguesia da sua localidade, em separado do Governo Regional. Compreenderam que agora têm autarcas a defender os seus direitos ao contrário de quando o PSD era dono disto tudo, agarrava nas Casas do Povo, Juntas de Freguesia e Câmaras e metia-as nas arrecadações da Quinta Vigia para servir-se delas nas eleições seguintes.
Também já perceberam que o desnorte do atual Presidente do Governo é visível e inegável, está a deixar em estado de choque a sociedade madeirense com tantas e atabalhoadas remodelações governamentais, no mínimo, questionáveis. Dispensou o dr. Eduardo Jesus, um independente que, aparentemente, ousou incomodar o todo poderoso Grupo Sousa, para colocar em seu lugar o Dr Pedro Calado, um amigo da velha escola do PSD-M o qual, a meu ver, poderá no futuro configurar promiscuidade entre o G.R e poderosos lobby da região dos quais faz parte o seu ex- patrão. Coincidência ou não a verdade é que no pouco tempo que mediou a remodelação de Secretários aconteceu que o grupo AFA, dono do Savoy, já foi autorizado, pelo Governo, a aumentar o numero de camas, inesperadamente M. Albuquerque autoriza 24 milhões para retomar o troço da via rápida entre a Raposeira e a Ponta do Pargo e recentemente foi anunciado mais 3.5 milhões para uma nova pista de atletismo no Funchal. Serão estas as prioridades, Sr Presidente, para uma região com evidentes carências? Acredita mesmo que será o seu amigo, Pedro Calado, o super- secretário, capaz de coordenar a estrutura do Governo e salvar um barco a meter água por todos os lados? Acredita num homem que a seu lado na CMF, enquanto responsável pelas finanças, saiu apregoando um saldo positivo de 1,2 milhões de euros quando, na verdade, deixou cerca de 100 milhões de dívida? Será que este homem, agora com super-poderes, é assim tão bom nas contas? Será Pedro Calado o salvador ou o coveiro deste moribundo executivo? Aposto na segunda hipótese já que as grandes mexidas verificadas nesta remodelação, estão a dar lugar, imagine-se, a velhas figuras do jardinismo ao ponto de já se ouvir, em surdina, que não seria de admirar que esteja na forja o ressuscitar da velha FLAMA ou o urdir de uma “quinta coluna” encabeçada por uma marioneta comandada pela velha raposa a partir da Calçada do Quebra Costas. Também ficaremos expectantes a ver se os dispensados, novos deputados na ALM, Eduardo Jesus e Sérgio Marques os terão no sítio para votar contra algumas super-medidas do novo super-secretário.
Não posso terminar sem referir o “casamento” do ano entre PSD-M e CDS. Depois de tanto diabolizarem uma “geringonça” de esquerda eis que, das cinzas das autárquicas, surge uma caranguejola acéfala, de direita, alimentada pelo ressabiamento e maus resultado eleitorais, para ressuscitar uma velha AD de má memória. Em todos estes anos que o PSD-M usou e abusou de maiorias absolutas, escarneceu do CDS, de toda a oposição e até da ALM. Porém, como o CDS já não tem nada a perder não hesitou em oferecer o ombro ao seu inimigo figadal depois de jurar a pés juntos nunca apoiaria o PSD-M. Por agora a caranguejola já funcionou na freguesia de S. Gonçalo e na CMF mas vamos ver o que nos reserva os próximos capítulos até 2019?

terça-feira, 19 de setembro de 2017

UM MAR DE PROMESSAS

Um mar de promessas para as próximas eleições autárquicas de 1 de outubro, deixa-nos extasiados tais as condições de vida que o povo passaria a ter. Por onde andaram todos estes candidatos no tempo de apertar o cinto? O que aconteceu para, de um dia para o outro, esquecerem a terrível austeridade e passarem às ricas promessas de melhor (e merecido) nível de vida? Oferecem livros escolares, devolvem IRS, retiram o imposto DERRAMA, intensifica-se o apoio domiciliário aos idosos, fixam as famílias nos centros urbanos mesmo sabendo do custo, acrescido, das rendas, gratuitidade nos transportes para jovens e idosos, avenidas, ruas, caminhos agrícolas, becos e veredas. Que pena a TAP não concorrer às eleições! Não se lembraram ainda de acabar com o roubo do IMI e do IUC mas ainda vão a tempo já que falta quase um mês de campanha. Já estou com receio que, no meio de tanta bondade, alguns se lembrem de oferecer uma hortazinha para plantar uns pés de liamba para ajuda à subsistência dos mais carenciados. Só falta mesmo oferecerem um voucher, com tudo incluído, para as casas de prazer. Meu Deus, fazei com que eu compreenda certos políticos; então se tudo isto é possível porque não o fizeram mais cedo e mitigavam a fome de crianças em idade escolar e apetrechavam os hospitais com medicamentos e papel higiénico? Cá entre nós, vou-vos contar um segredo mas não se pode divulgar ainda; o povo já descobriu a forma de melhorar as condições de vida e até já reivindica uma alteração à Constituição para que haja eleições todos os anos. Não caro eleitor, não será um desperdício porque enquanto eles perdem tempo com as promessas não lhes fica tempo para pensarem em medidas de austeridade. Uma coisa ainda não percebi mas tenho esperança que eles vão esclarecer; Baixam os impostos e melhoram substancialmente as condições de vida, onde irão buscar o dinheiro que até agora não houve? Que maravilhosos são certos políticos que nos fazem sonhar com tão belo nível de vida! O pesadelo só virá logo após as eleições. Sem ironias e com toda a sinceridade: de todas estas promessas e verborreia só vejo uma coisa positiva e séria, é haver alternância de poder para que todos os políticos se esforcem e não fiquem comodamente sentados na cadeira do poder.
Juvenal Rodrigues 


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

" 13 ADVOGADOS DEVEM À CAIXA DE PREVIDÊNCIA "


“13 advogados devem à caixa de previdência”

Lamento que, à luz da legislação, o meu país seja um oásis para a impunidade

29 AGO 2017 / 02:00 H.


Equacionei vários temas para o meu artigo de “opinião” de Agosto: A fatídica árvore que vitimou 13 romeiros ao cair precisamente no dia da Padroeira do Monte no Funchal,a nova guerra fria com troca de estúpidas e perigosas ameaças entre Donald Trump e Kim Jong-Un, a assembleia (des)constituinte na Venezuela ou ainda a maior onda de incêndios que, este ano, flagelou Portugal, porém optei por discorrer sobre uma notícia que mereceu destaque em vários jornais, que me deixou estupefacto e fez manchete no DN Madeira, em meados do corrente, com o título “13 advogados devem à Caixa de Previdência. E continuava relatando que a Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS) está a recorrer à justiça- quanto a mim tarde- para cobrar dívidas num valor que ascende a 351 mil euros à instituição sendo que ,só este ano, 13 advogados foram alvo de processos de execução. Acrescenta que apenas um advogado, na Madeira, acumulou dívida no valor de 106 mil euros e outro processo deu entrada no valor de 101 mil euros. Todavia a nível nacional, segundo o DN Lisboa, a dívida total ascende a 130milhões de euros com tendência a aumentar sendo um dos casos mais graves verificados em Lisboa cuja dívida totaliza 229mil euros. Isto causou-me redobrado repúdio uma vez que a notícia referia profissionais que juraram defender a lei e a justiça.
Não sendo advogado nem solicitador talvez devesse coibir-me de comentar o assunto, porém como cidadão deste pais onde abunda a fraude, a corrupção e o enriquecimento ilícito tenho direito à indignação por constatar que até mesmo aqueles que defendem causas e valores da justiça são, eles próprios, incapazes de manter-se à margem da fraude já que, pelo menos a longo prazo, prejudicarão os colegas cumpridores que, chegada a idade da reforma, de uma eventual invalidez ou de assistência médica encontrarão, provavelmente, uma instituição (CPAS) depauperada (igual S.S.) e sem recursos financeiros para cumprir os seus desígnios. Aliás, este filme não é novo e foi visto na Madeira quando um só empresário acumulou, durante vários anos, uma dívida de 16 milhões de euros à Segurança Social sem que esta conseguisse (?) detectar o infrator atempadamente. Alguém sabe quais as consequências neste e em muitos outros casos? Nunca se poderá julgar uma árvore por meia dúzia de frutos podres mas deixa sempre um alerta. Esta é uma classe que além de ser deve parecer respeitável face ao seu preponderante papel social e deve manter-se acima de qualquer suspeita porque é neles que o cidadão confia para fazer valer a justiça. Os alegados prevaricadores não só desrespeitaram o seu próprio código deontológico como servidores da justiça e do direito como ainda pretendem aproveitar-se, descaramento, de uma prerrogativa da lei que permite a prescrição da dívidas após 5 anos. Pergunta-se; quem será responsável, neste e muitos outros casos em que o nosso país é fértil, por uma dívida não detetada em tempo útil que no caso referido acumulou durante 20 anos? A quem compete castigar estes casos que embora num quadro de moldura penal, poderá não ser classificado como crime mas poderá configurar dolo uma vez que alguns estarão, eventualmente, a enganar os seus colegas em proveito próprio. O artº 2º, do regulamento da CPAS, ponto 2, é explicito quando refere que em matéria de organização e cadastro a Caixa colaborará estreitamento com a Ordem dos Advogados e a Câmara dos Solicitadores podendo, com estas instituições, estabelecer acordos de interesse comum, logo poder-se-á inferir que a Ordem e a Câmara de Solicitadores, se não tinham, deveriam ter conhecimento desta situação, que já se arrasta há vários anos, e deveriam ter agido em conformidade.
Lamento que, à luz da legislação, o meu país seja um oásis para a impunidade onde a maioria dos prevaricadores são inimputáveis.


Comentários:
  • Começa por dizer que talvez se devesse coibir de comentar mas não resiste!! Comenta e revela que até se deu ao trabalho de ler os artigos do regulamento que lhe servem para defender a sua ideia. Comenta e revela que não sabe do que fala. Porque esquece os solicitadores? Quem lhe pagou o comentário? Vivemos em democracia e por isso todos temos direito a apresentar a nossa opinião, mesmo a mais idiota. E assim andou! Não sabe mesmo do que fala e devia ter-se coibido de falar sobre o que não conhece. Já agora os advogados e solicitadores são pessoas e como tal enfrentam problemas como qualquer cidadão e defendem a lei e a justiça e também lutam pelos seus direitos. Espero que brevemente se encontre face á aplicação de uma lei injusta ou abusiva e precise de um advogado ou solicitador que o defenda. Pode sempre optar por escolher outrem que opine, também, com a sua estultez e ignorância.
      • Imagem
        Há muitas árvores sãs em todas as áreas da nossa sociedade o pior são os frutos podres que vão proliferando sempre em maior quantidade. Tem razão quando afirma que não se pode julgar uma árvore pelos seus frutos podres, felizmente que ainda temos sérios e bons profissionais no nosso país.
          • Imagem
            Com tanta dúvida sobre o tema, acho que escolheu bem. O tema da árvore já satura porque não resolve nada. Parabéns pelo texto! 
            O mais provável que aconteça é que esses 13 advogados metam uma ação contra o Estado Português por violação dos direitos determinados e previstos no Cód. Civil, designadamente, o direito à inviolabilidade moral, ao bom nome, reputação e ainda à privacidade.
            No fim são indemnizados e ressarcidos do dinheiro que devem, ou seja, fica tudo em águas de bacalhau.
            Neste País toda a gente tem o direito de dever dinheiro, desde que ninguém saiba.