O, tristemente, célebre episódio registado nas instalações do Clube Sport Marítimo entre o seu Presidente e o jornalista do Diário ecoará pelo tempo fora e ficará indelevelmente marcado nos anais da história desta centenária e prestigiada instituição. Faço esta medeática referência para (re)afirmar que a onda de crispação entre instituições e população madeirense – os superiores e os outros- cresce vertiginosamente estando já em “alerta laranja”, consequência directa da instigação à violência gratuita manifestada por quem tem o dever de governar esta região sem discriminações que apenas servem para alimentar ódios e vinganças entre uma pequena comunidade de 250 mil almas. Começo a interrogar-me se as misteriosas viagens do chefe do Governo não serão a preparação para a fuga quando a situação aquecer demasiado.
Quanto a mim, é demasiado tarde para arrepiar caminho e deve-se unicamente ao clima de impunidade que se vive actualmente já que as instituições existem mas não funcionam. A ERC detecta irregularidade num organismo – JM- mas diz que nada pode fazer. A A d C detecta irregularidade no G. Regional por, com os seus subsídios ao JM, fazer concorrência desleal ao Diário, porém fica-se pela advertência. O Tribunal de Contas detecta que os dinheiros públicos estão a ser mal aplicados mas também só adverte uma vez que não é da sua competência punir. Os tribunais cíveis absolvem porque à luz da legislação portuguesa é quase impossível condenar alguém que tem mais direitos do que deveres. Com toda a legitimidade pergunta-se: então para que raio servem estas instituições que gastam rios de dinheiro? Para levarem o dinheiro dos contribuintes e fazer de conta que Portugal é um Estado de Direito? Será que conseguem explicar se, nesse mesmo Estado de Direito, as vítimas também têm direitos? Talvez tenham mas estão apenas perdidos num emaranhado de artigos e alíneas duma legislação complexa produzida na A da República por “montes” de deputados que apenas anseiam protagonismo imediato e reformas douradas mas que nem servem para produzir legislação capaz de punir corruptos, assassinos, vigaristas, ladrões e pedófilos. Será que o crime compensa? Não me deixou saudades a opressão de um regime fascista onde só tínhamos deveres. Porém hoje parece viver-se numa democracia onde todos têm apenas direitos. Não será por esta libertinagem que já muitas vozes, umas em surdina outras com veemência, clamam pelo regresso da ditadura? Apesar do sr. U.I., através de uma teimosa manipulação ter alcançado alguns dos seus sórdidos objectivos não deve cantar ainda vitória porque o ditado popular pode tardar mas não falha: “quem semeia ventos colhe tempestades”
Juvenal Rodrigues
Publicado no Diário Notícias em 17.11.10
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