sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

SINAIS DE MUDANÇA


Foram tantos anos a votar numa figura carismática que os madeirenses se habituaram a escolher os seus líderes pelo seu carisma e não pelo seu projecto político. Neste momento o Sr. José Manuel Coelho, surgindo do nada, já vale tanto como o Dr. Jardim em capital político mas com a mais valia de ter tido a coragem de enfrentar o eleitorado português de Norte a Sul, coisa que o Dr. Jardim nunca teve. Já estou mesmo a imaginar, para as próximas eleições legislativas regionais um slogan: “plataforma democrática urgente com Coelho à frente” e certamente que não é pelo seu projecto político visto ele nunca o ter apresentado publicamente. Uma coisa é certa os sinais de mudança estão à vista e não fora as freguesias rurais da Madeira, aquelas cujas idades avançadas dos votantes e menos esclarecidos se diferenciam, J.M. Coelho teria, mesmo, ficado à frente do grande favorito Cavaco Silva (39 contra 44%). Isto porque Funchal, Santa Cruz e Machico, conselhos onde as populações já têm uma maior cultura democrática demonstraram bem a sua saturação e o seu descontentamento em relação a uma governação amorfa caduca e “ediota” (entenda-se sem ideias) que os governantes madeirenses têm apresentado a uns anos a esta parte. Quero ilustrar esta apreciação com um comentário que me chocou profundamente quando um madeirense respondia a uma reportagem de exteriores da  RTP –M no decorrer dos resultados eleitorais: “o meu voto é sempre o mesmo, eu nunca mudo. Por aqui podemos aferir o grau de cultura democrática que alguns madeirenses, infelizmente, ainda têm no que concerne ao exercício da democracia! Os partidos não são clubes de futebol com os quais simpatizamos desde pequenos, eles precisam de se alternar na governação conforme os seus programas sociais e para não criar vícios ou tendências que prejudiquem as populações. É esta salutar alternância que distingue uma ditadura de uma democracia. Voltando aos resultados destas eleições para P. República concluo que: J.M. Coelho consegui travar a superioridade do PSD-M coisa que a oposição na Madeira ainda não conseguiu e que a abstenção (52.47%)  foi a grande vencedora porque os portugueses quiseram castigar os políticos pelas políticas anti-sociais, que desde à muito,  independentemente da cor que exerce o poder, estrangulam as classes pobres e médias  beneficiando descaradamente as classes da alta finança,  dirigentes com altos cargos políticos, governantes, especuladores, gestores, corruptos e os “jobs for the boys”. Nunca como agora as massas tiveram acesso a tanta informação veiculada  por esse fenómeno que são as redes sociais que, com verdades e algumas invenções á mistura, estão a revolucionar a forma de pensar das populações com as consequentes convulsões sociais que daí possam advir.
Juvenal Rodrigues
Artigo publicado nas cartas do leitor do Diário de Notícias em 27.01.2011

   

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