segunda-feira, 2 de junho de 2014

COMPLETOU-SE MAIS UM CICLO DE 40 ANOS


Estamos a 4 dias de comemorar os 40 anos de uma data histórica para Portugal e para todos os portugueses que viveram, desde 1933, a ditadura de Salazar, Américo Tomás e Marcelo Caetano.                                                         Juvenal Rodrigues

A canção “e depois do adeus” de P. de Carvalho difundida às 22.55h do dia 24/04/75 dava início à “Revolução dos Cravos” protagonizada  por um grupo de capitães do exercito português apoiados por oficiais milicianos e um punhado de soldados comandados por Salgueiro Maia. Militares que - muitos deles sem saberem- arriscavam a vida, o exílio, a perseguição e consequente prisão pela sinistra PIDE  (Polícia Internacional Defesa do Estado) então chefiada pelo temido Rosa Casaco, para libertar Portugal de 40 anos de opressão e miséria. Foi a MFA (Movimento das Forças Armadas) que depôs o regime ditatorial do Estado Novo mandando Marcelo Caetano e Américo Tomás para o exílio no Brasil, com uma curta estadia na Madeira no dia 26 de abril. Foi essa estadia que deu origem à primeira manifestação dos madeirenses no 1º de maio de 75 em pleno período revolucionário empunhando cartazes com a expressão: “a Madeira não é caixote de lixo.
Próprio de todas as revoluções seguiu-se um período de grande agitação  política que ficaria conhecida por PREC  (Processo Revolucionário em Curso) e terminaria com o 25 de novembro de 1975. Daí o Dr. Jardim, como único importante e contra a própria História  adotar esta data para comemorações na Madeira em detrimento da data do 25 abril. Mas a arrogância e o ego nunca o deixaram  perceber que se não fossem os militares, que ele um dia apelidou de efeminados, a concretizar a revolução dos cravos,  nunca teria sido possível o 25 de Novembro. Foram ainda eles que provaram o seu idealismo e nobreza entregando o poder aos civis. Mal sabiam que muitos desses políticos oportunistas viriam a destruir Portugal.
Na Madeira as eleições autárquicas de 29 setembro 2013 também ficarão na história porque a “Mudança” veio provocar a tão ansiada queda do regime laranja, também ele com 40 anos de poder absoluto, conquistando 7 das mais importantes autarquias, ao PSD-M  o que permitirá  comemorar pela 1ª vez a data histórica da revolução dos cravos, sem medo de perseguições, represálias e vinganças mesquinhas  próprias das ferozes ditaduras. Mudança de mentalidade e métodos que demonstrarão que a Madeira é perfeitamente governável sem a arrogância e prepotência de um U.I. 
Gostaria de estar aqui a escrever que a liberdade é total mas infelizmente ainda não posso. Não posso porque enquanto houver governantes incompetentes como um  Passos o mentiroso, um Portas o irreversível e um  Alberto o vingativo, Portugal não será totalmente livre. Não posso enquanto for preciso fazer milhares de pobres para criar um rico. Não posso enquanto este país tiver 20% de desempregados a mendigar trabalho e pão. Não posso enquanto houver exclusão social a criar famintos a recorrerem diariamente às cantinas sociais para matarem a fome aos filhos. Não posso enquanto os poucos que têm trabalho descontam mais de 50%  do seu salário  para o Governo sustentar os grandes grupos económicos e escravizar os portugueses. Não posso enquanto os reformados são espoliados, para não dizer roubados, nas suas reformas para sustentar oportunistas. Não posso enquanto existir uma vergonhosa corrupção e promiscuidade entre os governantes e o poder económicos. Não posso enquanto não houver justiça neste país.
Governar não é gerir um país em proveito próprio e colocar na Administração centenas de assessores - entenda-se” Jobs for the boys”- só para favorecer os amigos.
Não foi certamente para voltarmos  à miséria de 40 anos atrás que os capitães de Abril fizeram a Revolução dos Cravos ou para que certos políticos enriqueçam de um dia para o outro. Certamente que se o golpe militar fosse hoje a ordem seria para marcharem sobre S.Bento e Palácio de Belém e não sobre a Praça do Carmo.
Será que se completou mais um ciclo?  40 anos de ditadura política. 40 anos para o país voltar à miséria extrema. 40 anos de um regime “laranja” atípico que arruinou a Madeira. Será que Portugal vive ciclos de 40 anos e é necessário nova revolução? Vivemos atualmente num sistema de roubo legal por isso não acreditemos na tão apregoada e “conveniente” austeridade porque ela não passa de um chavão feito à medida dos Governos imperialistas e corruptos servindo às mil maravilhas para manietar o poder democrático e controlar, pelo medo, as populações através do emprego, do ensino, da saúde, da justiça e da precariedade económica quando estas tendem a viver um pouco melhor. Um país não pode viver sem população mas pode muito bem viver sem estes governantes aventureiros que vivem como chefes de “gang”  em bairro de gente pobre.
É urgente e imperativo lembrar ao Governo o estrofe de Zeca Afonso “o Povo é quem mais ordena dentro de ti ó cidade. 
Publicado na pagina de "opinião" do Diário Notícias Funchal em 21 Abril 2014

Sem comentários:

Enviar um comentário