quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A ORGANIZAÇÂO

A organização

Juvenal Rodrigues
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Nos anais da história dificilmente se encontrará um pequeno arquipélago como a Madeira em pleno Oceano Atlântico governada, desde fim do séculos XIX até princípio do Século XX, por um duo de nome Alberto J. Jardim, um animal político que a tudo recorria para ganhar eleições e Jaime Ramos um apolítico que nada percebia de política mas tinha tudo de arruaceiro. E se agora destaco estes personagens em detrimento de um Partido político é porque de Partido o psd-m apenas tinha a sigla e funcionava como um bando de interesseiros, entre deputados, “delfins” e afins onde a esmagadora maioria concordava com o chefe em troca do seu bem estar político e mordomias pessoais.
A próxima geração dificilmente compreenderá como foi que esta “organização de interesses ocultos” conseguiu 47 vitórias em 39 anos de poder, num país democrático. Terão que consultar os escritos à margem da História, como este e outros, para perceberem como foi isto possível e como foi possível esta “organização”, totalmente controlada por este dueto, implodir. Interrogar-se-ão porque Jardim e Ramos nunca brigaram apesar do mau feitio de ambos mas saberão que a hecatombe da “organização” foi provocada por A. J.Jardim na sua desmedida ganância pelo poder que de ano para ano prometia, aos seus “delfins” a cadeira da Quinta Vigia, até eles perceberem que estavam a ser enganados. Perceberão como a população foi enganada com obras faraónicas (muitas inacabadas) as quais a ilha não tinha posses para pagar vendo-se, em 2011, confrontada com 6.000 milhões de dívida dos quais, 1.100 milhões em 2.000 faturas escondida.
Verão ainda que essas 47 vitórias só foram possíveis com falsas promessas, inaugurações bem urdidas e com obras acabadas à pressa a tempo de eleições, à moda do ditador Salazar e ainda esbanjamento de dinheiro em apoios sociais à Igreja e a instituições comandadas pelo psd-m. Ouvirão falar que o Governo fez algumas estradas rurais, levou água e luz a muitos sítios granjeando a admiração dos mais desfavorecidos já que, devido ao atraso social que a Madeira vivia em 1975, fácil seria a qualquer Governo fazer obra uma vez que começou a entrar, na Madeira, rios de dinheiro (tudo o vento levou) da U.E e do O. de Estado. Os mais humildes também se habituaram a ver no governante o Senhor Feudal a quem deviam subserviência pela obra feita sem saberem que este apenas cumpria o seu dever de Governo. A história não dirá que Jardim discursava para a esquerda ouvir mas governava para a direita beneficiar porque lá estavam os amigos do regime. Que desde sempre se colou ao clero porque sabia o peso que a Igreja tinha onde Bispos e alguns padres manipulavam o Povo pregando a doutrina psd. Que mesmo faltando dinheiro para a saúde e a educação ele sempre privilegiou o seu brinquedo (JM) esbanjando nele 4 milhões/ano para propaganda do seu psd-m e 6 milhões/ano para o futebol profissional já que paixões clubísticas também davam votos.
No auge do poder auto proclamou-se “o único importante”e criou a mística de que os madeirenses eram “o Povo Superior” mas algumas vezes, como quem dá o pão dá o ensino, sentiu-se no direito de insulta-los chamando-lhes cachorros e outros impropérios.
Na festa da “organização” no Chão da Lagoa, este duo pedia a independência e vociferava insultos contra Lisboa mas, mais tarde, quando se descobriu a dívida escondida, andou de mão estendida a mendigar dinheiro negociado sob grande pressão, com altos encargos para as próximas gerações, e empenhando até a autonomia.
No ano da graça de 2014, finalmente, esta outrora poderosa“organização”comandada por este duo maquiavélico está agonizante, não tem dinheiro para mandar cantar um cego e a descomunal dívida da “Singapura do Atlântico” ainda só começará a ser paga em 2016. Entretanto o grande chefe mandou tudo às urtigas e vai viajando pela Europa para fugir ao odor dos cadáveres políticos que sucumbiram pela implosão do seu psd. Os candidatos a líder da “organização” tentam branquear o passado e até já falam em democracia. Dizem o piorio uns dos outros para fugirem ao castigo do Povo e até esqueceram que todos eles aprenderam na mesma escola do chefe. Todos eles, por esta altura, já escrevem para o Diário dos Blandy, o mesmo a quem o grande chefe os proibiu de ler ou nele escrever (e eles anuíram) porque era, na boca do U.I., o inimigo nº1 do regime vigente por denunciar falcatruas que o seu J.M. não revelava.
Recomendo às próximas gerações que não leiam apenas a História de Portugal ou a Enciclopédia madeirense. Leiam também à margem destas porque muitos corajosos madeirenses, mesmo com risco de serem perseguidos na política e no emprego, levantaram a voz e deixaram estes registos para que se saiba quem arruinou a vossa terra. No futuro usem bem o voto, não o entregando a qualquer reles manipulador do Povo.
Publicado no D.Notícias, Funchal em 26 setembro 2014

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Comentários

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Artigo muito bem escrito que narra a verdade de tudo o que se passou e está a passar na nossa Ilha, é preciso que haja alguém que diga estas verdades.

As fraudes, as burlas, jogam com a ganância das pessoas e aqueles que pensam estar a ganhar quando tudo acaba saem a perder. Por aqui se percebe que os defraudados não são diferentes daqueles que os burlaram. Infelizmente qualquer partido que queira atingir o poder terá que recorrer aos mesmos meios pois as vítimas de burlas só acreditam em quem lhes promete mundos e fundos e nem depois da fraude mudam de comportamento. O "sistema político" tem que ser redesenhado pois não há natureza humana que não caia em tentação quando o "sistema" está desenhado para anjos. Como não o somos o "sistema" será sempre usado da forma errada.

"desde fim do séculos XIX até princípio do Século XX"
Suponho que queria dizer XX e XXI respectivamente...

Embora com atraso, reconheço o lapso. Onde faço referência ao século XIX e século XX deveria ser século XX e século XXI. Agradeço a chamada de atenção deste leitor e a todos os outros as minhas desculpas.

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