Um ciclo de obscurantismo

ciclo de obscurantismo extremamente perigoso poderá pender para uma guerra sem fronteiras

 
Juvenal Rodrigues Deputado municipal
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O nosso sistema democrático já não cabe dentro do padrão para o qual foi concebido. Por ser demasiado permissivo ou demasiado tolerante, abusaram-no e violaram os seus pricípios ao ponto de estar hoje ameaçado de ser substituído por forças ocultas sem nome definido. Já dizia Churchill que nenhum dos sistemas é perfeito sendo o democrático o menos mau e eu acrescento; porque todos eles têm um ponto em comum, a corrupção.
Na ditadura a corrupção esteve presente entre os governantes e amigos do regime. No fascismo a corrupção esteve presente pelo controlo autoritário e excessivo dos governantes todo-poderosos que governavam para as elites e esqueciam o povo. Na democracia o povo exerce a soberania direta ou indiretamente mas agora é o poder financeiro corrupto que passa a ditar lei e o povo volta a ser apenas o peão num jogo de xadrez viciado.
A catadupa de acontecimentos nacionais e internacionais apontam para um novo ciclo pós democracia; o ciclo de anarquia, originada por uma tríade extremamente poderosa e difícil de combater ou erradicar: poder financeiro, corrupção e terrorismo. O terrorismo, aliado ao fanatismo religioso, ceifa a vida a milhões de inocentes em nome de um ser supremo que incentiva uma causa maldita e irá, quer queiram quer não, condicionar as pessoas pelo medo. As mesmas pessoas que hoje clamam por mais liberdade estão na eminência de ficarem sem liberdade de circulação e talvez, quem sabe, de expressão. As autoridades, quando estoira uma bomba, pouco mais podem fazer do que correr atrás do prejuízo quais bombeiros a apagar o fogo depois deste fazer as vítimas. O poder financeiro manipula economias dos países, provoca o colapso da Banca e o poder político está subjugados às suas ordens. Sem margem de manobra orçamental os países são confrontados com desemprego e consequente miséria social. Os governantes, mesmo os mais honestos, mais tarde ou mais cedo, acabam por entrar nos esquemas fraudulentos da corrupção da droga e do armamento que por sua vez provoca o êxodo de milhões de refugiados que ao tentarem escapar de uma guerra estúpida e sem sentido acabam nas redes das máfias e, involuntariamente, contribuem para a desestabilização dos países democráticos.
Será que exagerei na minha apreciação? Então meditemos os acontecimentos que se sucedem em catadupa; bastou uma investigação levada a efeito pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI) para provocar novo escândalo que voltou a abalar o Mundo; o caso “Panamá Papers” que sucedeu ao caso Mensalão, ao caso FIFA/UEFA, ao caso wikileaks, aos casos que envolvem altas figuras de Estado, grupos financeiros, organizações terroristas, esquemas financeiros fraudulentos envolvendo a Banca, redes de pedofilia, agentes policiais corruptos, agentes do fisco e da AT, até chegar ao envolvimento de poderosas sociedades de advogados como a Mossack Fonseca com filiais a nível internacional. Paises como Angola, rico em diamantes e petróleo mas que se vê obrigado a pedir ajuda ao FMI devido a esquemas de corrupção. A Venezuela, um país exportador de petróleo que chega ao extremo de paralisar o pais um dia por semana para evitar despesas de consumo. Os escândalos já são tantos que acabam por beneficiar os infratores, mal estamos a compreender um já nos cai outro em cima que nos faz esquecer o anterior.
Não, mesmo com o “aceitável” empolamento dos media, não exagerei nem sou profeta da desgraça, talvez esteja, isso sim, a pecar por omissão. Se juntarmos a tudo isto a possibilidade de Donald Trumph, vir a ser eleito presidente dos EUA, a estabilidade mundial ficará à distância de um clique no botão de uma bomba atómica.
Termino como comecei, estamos a atravessar um ciclo de obscurantismo extremamente perigoso que poderá pender para uma guerra sem fronteiras ou um Mundo dominado por poderosas organizações financeiras, criminosas e fanáticas.