segunda-feira, 28 de julho de 2014

O CASO NAVIO ATLÂNTIDA

O caso navio Atlântida


O que vale é que a população vive inebriada pelos mexericos dos famosos em revistas cor-de-rosa

 
Juvenal Rodrigues
5 comentários

Neste país da irresponsabilidade, raramente alguém é chamado à responsabilidade.
A justiça cara e inacessível ao cidadão comum deixa impune os poderosos e castiga aqueles que não têm dinheiro para a ela chegar.
Caso paradigmático foi aquela ”novela” do navio “Atlântida” encomendado pela empresa pública açoriana “Atlânticoline” e mandado construir nos Estaleiros de Viana do Castelo. A não aceitação do navio pelo Governo dos Açores causou aos EVC um prejuízo de 70 milhões de euros mas até agora não vi ninguém ser chamado a contas nem assumir responsabilidade.
O navio foi rejeitado pelo Governo açoriano porque não cumpria os requisitos do contrato, segundo consta, a nível da velocidade. E então de quem é a culpa? Então deixa-se arder um negócio à volta de 70 milhões por causa de um ou dois nós a menos na velocidade do navio e ninguém dá explicações? A administração da EVC não soube interpretar um contrato ou a “atlanticoline” apeteceu-lhe simplesmente rejeitar o navio?
Entretanto por um “pequeno” pormenor a EVC fica lesada em cerca de 70 milhões já que o navio foi “oferecido” em leilão à empresa grega “Thesarco Shipping” por 12.8 milhões. Desses 12.8 milhões o EVC ainda terá que pagar 8 milhões de indemnização à Atlânticoline e a própria EVC acaba por ser vendida em saldos a uma empresa privada com a maior parte dos trabalhadores da EVC a irem agora engrossar as fileiras do desemprego acarretando mais despesa ao Estado (só neste país. E então...ninguém vai preso?
Tudo isto se passa nas barbas do pacífico contribuinte português que paga por todas as asneiras dos governantes, não pedem explicações e não exigem responsabilidade. Então isto não é um caso de polícia? Será difícil ao Ministério Público investigar e chegar ao culpado deste rocambolesco caso? Daqui por uns tempos vão se lembrar de abrir um inquérito mas, como é costume, o caso já prescreveu.
Por sua vez o fisco anda numa furiosa e cega caça à fuga de impostos daqueles que vendem meia dúzia de castanhas ou da tasca da esquina que vende um petisco sem fatura, mas perde milhões em tantos casos sem explicação. Depois admiram-se como é que este Portugal, das mentes pequeninas, chegou ao estado calamitoso em que se encontra.
Mas os casos não ficam por aqui neste pobre país onde a justiça funciona a três velocidades, tarde, mal e nunca, deixando que os processos prescrevam e os prevaricadores fiquem impunes.
O caso BPN enriqueceu tantos corruptos  mas até hoje o contribuinte é que foi castigado tapando aquele enorme buraco com os seus impostos. Com o BCP e, recentemente o BES, irá acontecer a mesma coisa. O T.C. apura várias ilegalidades na atribuição de subsídios aos partidos constatando que os deputados na ALM custam 90.000 euros, os deputados nos Açores custam 15.000€ e os da A.R. Custam 4.000€. Só agora detetaram estas irregularidades depois de praticadas à vários anos? Como é que um pequeno e pobre país se pode dar ao luxo de desperdiçar tantos milhões quando até já morrem pessoas por falta de medicamentos? Neste país “do faz de conta” até a incompetência é premiada. Mesmo assim o Estado ainda se atribui poderes para penhorar qualquer bem do contribuinte, por qualquer dívida ao fisco, sem sequer ir a tribunal, o que eu pessoalmente considero um abuso de poder. Nem no tempo de Salazar o cidadão viveu tão perseguido e coagido.
O que vale é que a população vive inebriada pelos mexericos dos famosos em revistas cor-de-rosa, pelas apaixonantes discussões sobre o futebol, pelas telenovelas e pelos concursos televisivos que nem se dá conta da galopante degradação da sua condição de vida.
Quando se chega a um ponto em que “todos têm razão” o país está perto da anarquia e Portugal, a par de outros países europeus, encaminham-se a passos largos para um regime de sentido único como na Venezuela onde a incoerência governativa  e falta de consenso político deu origem ao aparecimento de um Chaves auto-intitulado salvador da pátria.
Publicado no DN Funchal em 24.o7.14, página "opinião"
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Comentários

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De que me serve poder dizer mal em democracia, se a liberdade quase me obrigou a eleger aqueles que deslapidaram o património do meu país?
Algo está mal neste tipo de democracia que a liberdade ainda não conseguiu corrigir.
Há que estar acima dos partidos e meter o dedo na ferida. Subiu uns pontos na minha consideração...
ja esta esquecido este assunto...como sempre..

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